SES/CE apresenta a instituições e lideranças os primeiros resultados do Censo 2022 sobre os Indígenas do Ceará

Editoria: Censo 2022 | Da Redação

16/08/2023 11h41 | Atualizado em 16/08/2023 11h41

A tarde do dia 7 de agosto foi marcada por mais um evento de divulgação de resultados do Censo Demográfico 2022 na sede da Superintendência Estadual do IBGE no Ceará (SES/CE). Após os Quilombolas, contemplados no dia 27 de julho, chegou a vez dos Povos Indígenas terem os seus primeiros dados divulgados. O evento, organizado pela Seção de Documentação e Disseminação de Informações (SDI), contou com a presença de servidores da casa, imprensa, além de lideranças indígenas e representantes de instituições cuja colaboração foi decisiva para o recenseamento dos Povos Indígenas do Estado.

A apresentação foi mais uma vez conduzida por Fábio Jota, antropólogo e Analista Censitário de Povos e Comunidades Tradicionais, que apontou as inovações introduzidas em todas as etapas do recenseamento dos povos indígenas, explicou os principais conceitos e definições utilizados para embasar o trabalho, e apresentou os dados propriamente ditos, referentes a população e domicílios. “Esse resultado é fruto de uma articulação que está acontecendo em vários níveis: ela funcionou pra que o IBGE melhorasse sua metodologia e, ao mesmo tempo, foi de encontro com uma maior força da autoidentificação. Agora a gente chegou a um dado muito mais próximo da realidade da população indígena no Estado”, observou o antropólogo, ao mencionar um aumento de quase três vezes no número de indígenas no Ceará entre 2010 e 2022.


A apresentação dos dados sobre os Indígenas no Ceará foi conduzida pelo antropólogo e analista Fábio Jota.

Lideranças e instituições comemoraram os dados apresentados

As lideranças indígenas que acompanharam a apresentação dos dados foram Naara Tapeba, vice-coordenadora da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará (Fepoince) e integrante da Organização dos Professores e Professoras Indígenas do Ceará (Oprince), e Marciane Tapeba, Secretária Executiva do Conselho Distrital de Saúde Indígena do Ceará (Condisi-CE/Sesai) e integrante da Coordenação da Articulação das Mulheres Indígenas do Ceará (Amice). “Enquanto movimento indígena, é muito importante saber todos esses dados, e que as lideranças possam ter acesso. Mas também é desafiador para a própria política pública pensar como vai se organizar a partir desses dados”, afirmou Marciane Tapeba, que trabalha nessas duas frentes de atuação junto aos povos indígenas.

Também representando a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Lucas Guerra, Coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena do Ceará (Dsei-CE), destacou a utilidade dos dados para o trabalho da instituição: “O Censo é uma pesquisa que ajuda a qualificar a política pública. A saúde indígena é um esforço coletivo das lideranças e das gestões, para que possa representar um atendimento a saúde, saneamento e abastecimento nesses territórios.” O Coordenador também ressaltou que, apesar do considerável incremento no número de indígenas no Ceará, essa população ainda é bastante invisibilizada no Estado: “A autoidentificação ainda é um processo difícil para maioria das pessoas, e isso mostra o quanto é desafiante pra nós, que trabalhamos em políticas públicas, entender que esse processo ainda vai acontecer bastante e vai demandar atendimento.”

Valdenia Lucena, da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), também lembrou a histórica invisibilização dos indígenas no Estado: “Antes de vir para o Ceará, eu ouvia muito as pessoas dizerem que aqui não tinha indígena, até mesmo autoridades e pessoas esclarecidas. Então vejo que esse avanço [nos números] se dá graças ao próprio movimento indígena.” Estiveram presentes na apresentação tanto Valdenia Lucena como também Bruno Dias, ambos servidores da Coordenação Regional Nordeste II da Funai, que atua nos Estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. Eles demonstraram muita satisfação com os dados já divulgados pelo IBGE, os quais também contribuirão sobremaneira para a atuação do órgão.


Lideranças, instituições e imprensa mostraram-se bastante interessados nos dados fornecidos pelo IBGE.

Primeiros resultados sobre população e domicílios indígenas

O IBGE divulgou na segunda-feira, 7 de agosto, os Primeiros Resultados do Censo Demográfico 2022 para a População Indígena. Segundo os dados, o Ceará possui 56.353 pessoas indígenas, o que equivale a 3,33% do total de indígenas do Brasil e a 10,66% do total da Região Nordeste. Com isso, o Estado ocupa o 9º lugar entre as Unidades da Federação em termos de população indígena. Entre 2010 e 2022, a população indígena quase triplicou no Ceará. O percentual de indígenas na população residente do Estado também cresceu: passou de 0,24% em 2010 para 0,64% em 2022.


Os primeiros dados do Censo 2022 apontam um número quase três vezes maior de indígenas no Ceará.

A população indígena está presente em 173 dos 184 municípios cearenses (94% do total), e representa 0,64% da população residente no Estado. Os cinco municípios cearenses que possuem mais indígenas são, respectivamente: Caucaia (17.628 indígenas), Itarema (5.115), Maracanaú (5.111), Fortaleza (4.948) e Monsenhor Tabosa (4.861). Já os cinco municípios cearenses que têm maior proporção de indígenas entre a população residente são, respectivamente: Monsenhor Tabosa (28,35% dos habitantes do município), Poranga (12,78%), Itarema (11,97%), Aratuba (7,25%), Carnaubal (5,03%).

O Ceará possui um total de 24.192 domicílios com pelo menos um morador indígena, o que representa 0,80% do total de domicílios do Estado. Nos domicílios cearenses onde reside pelo menos uma pessoa indígena, a média de moradores é 3,21. Vale ressaltar que esta média está acima da média geral de moradores por domicílio do Estado (2,90) e do País (2,79), o que indica que os domicílios com indígenas costumam ter maior número de pessoas residindo. Outro dado importante é que, nos domicílios do Ceará com pelo menos uma pessoa indígena, a presença indígena é bastante alta: 72,26% dos moradores se declaram indígenas.

São sete as Terras Indígenas (TI) oficialmente delimitadas no Ceará: TI Tapeba em Caucaia (10.081 residentes, 52,85% dos quais são indígenas), TI Pitaguary em Maracanaú e Pacatuba (3.228 residentes, 91,14% dos quais são indígenas), TI Tremembé da Barra do Mundaú em Itapipoca (980 residentes, 55,31% dos quais são indígenas), TI Córrego João Pereira em Itarema (621 residentes, 99,68% dos quais são indígenas), TI Taba dos Anacé em Caucaia (471 residentes, 98,3% dos quais são indígenas), TI Lagoa Encantada em Aquiraz (382 residentes, 89,01% dos quais são indígenas) e TI Tremembé de Queimadas em Itarema e Acaraú (311 residentes, 93,25% dos quais são indígenas).

No Ceará, 16.074 é o total de residentes dentro das TI, sendo que 10.524 são pessoas indígenas (65,47%) e 5.550 são pessoas não indígenas (34,53%). As 10.524 pessoas indígenas residentes dentro das TI do Ceará representam 18,68% da população indígena total do Estado. Sendo assim, 45.829 das pessoas indígenas do Ceará (81,32% do total) encontram-se fora de áreas formalmente delimitadas e reconhecidas.

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