Comunidade do Dendê em Fortaleza-CE recebe evento de mobilização do Censo 2022

Editoria: Censo 2022 | Da Redação

28/03/2023 17h05 | Atualizado em 29/03/2023 14h16

No último sábado (25), a comunidade do Dendê no Bairro Edson Queiroz em Fortaleza sediou importante ação de divulgação e recenseamento promovida pela Superintendência Estadual do IBGE no Ceará (SES/CE). O evento fez parte do Dia Nacional de Mobilização do Censo nas Comunidades, que ocorreu em diversos pontos em todo o país com ações semelhantes em outros aglomerados subnormais (conhecidos como comunidades, favelas, grotas, baixadas, vilas, palafitas etc). O objetivo da mobilização nacional foi tanto conscientizar sobre a importância da operação censitária, como também providenciar o recenseamento daqueles moradores que ainda não haviam respondido ao questionário.

Coordenadores do Censo, supervisores e recenseadores, além do Superintendente da SES/CE, Francisco Lopes, estiveram reunidos na sede da Associação de Amigos e Moradores do Bairro Edson Queiroz (AME) para promover a ação. Panfletos, balões e faixas foram utilizados para convidar a população não-recenseada a comparecer ao local. Além disso, foi feita divulgação na imprensa, com a presença dos jornais O Povo e Diário do Nordeste, além da TV Diário e da TV Verdes Mares. Ambas as TVs gravaram boletins e também fizeram transmissões ao vivo. No caso da Verdes Mares, a entrada ao vivo foi para a Globo News.

O presidente da AME, Pedro Caúla, foi bastante solícito com a equipe do IBGE. Antes do evento, ele gravou um vídeo de divulgação, que foi distribuído via redes sociais para a população da comunidade. Além disso, Pedro ofereceu as instalações da Associação como ponto de apoio para a ação de mobilização. “A atualização do Censo é de extrema importância tanto para nós da Comunidade do Dendê, como também para todo o estado do Ceará e para o Brasil, porque é através do Censo que as políticas públicas chegam a quem realmente precisa”, pontuou o líder comunitário.


O líder comunitário Pedro Caúla disponibilizou as instalações da associação de moradores para a realização do evento.

Uma importante presença no evento foi a do vice-prefeito e superintendente do Instituto de Planejamento de Fortaleza (Iplanfor), Élcio Batista, que ofereceu ao IBGE o apoio dos agentes de endemias para a finalização do Censo nos aglomerados subnormais da capital. “Através dos dados produzidos pelo IBGE a gente pode planejar melhor as políticas públicas na cidade de Fortaleza. Hoje todos os prefeitos do Brasil miram justamente no Censo para poder fazer o planejamento adequado dos seus municípios”, destacou o vice-prefeito.


O vice-prefeito de Fortaleza-CE, Élcio Batista, esteve presente no evento e colocou os agentes de endemias do município à disposição do IBGE.

A realidade da Comunidade do Dendê

A comunidade do Dendê começou a se desenvolver na década de 1970, a partir do deslocamento de várias famílias oriundas de outras áreas de Fortaleza, afetadas pela urbanização da capital. “Naquela época, já existia uma população pequena aqui que se chamava de Dendê, porque na localidade havia dois pés de dendê. E a comunidade foi crescendo, se expandindo, conquistando terras, ocupando espaços, mas ainda se chamando de Dendê”, conta Pedro Caúla.

A localidade passou a ser oficialmente denominada como bairro Edson Queiroz a partir de 1973, ano em que a Fundação de mesmo nome instalou o primeiro grande empreendimento da área, a Universidade de Fortaleza (Unifor). O bairro, que surgiu da junção da localidade do Dendê com o antigo sítio Água Fria, é atualmente uma demonstração da desigualdade social das grandes metrópoles, já que os empreendimentos e condomínios de alto padrão convivem lado a lado com a pobreza.


O presidente da associação de moradores do Dendê, Pedro Caúla, mostra à equipe do IBGE o mapa da comunidade.

“Um dos maiores desafios do Dendê hoje é a falta de assistência do poder público nas necessidades básicas como a saúde, infraestrutura e atenção primária”, pontua o líder comunitário. Nesse sentido, surgiu em 2010 a Associação de Amigos e Moradores do Bairro Edson Queiroz (AME), a partir da mobilização dos próprios moradores do Dendê. A instituição visa atender à comunidade nos âmbitos social, educacional e cultural, desenvolvendo ações de assistência e capacitação, sobretudo com crianças, adolescentes e idosos em situação de vulnerabilidade social.

“A atualização do Censo irá trazer para nós o real levantamento das necessidades de cada área e localidade da comunidade, desde estatísticas sobre desigualdade social até a atualização de demandas na assistência social e educação”, comemora Pedro Caúla, que avalia que os resultados do Censo são essenciais na busca de melhorias para os moradores. Para ele, a escolha do Dendê para sediar o evento do Dia Nacional de Mobilização do Censo nas Comunidades já representa um benefício: “Eventos como este trazem uma maior aproximação da população com as instituições, além de promover visibilidade para a comunidade.”

O Censo nos aglomerados subnormais

Finalizada a cobertura censitária no último dia 28 de fevereiro, o Censo Demográfico 2022 segue agora com a etapa de apuração. Nos meses de março e abril, recenseadores e supervisores estão trabalhando no refinamento dos dados, revisitando domicílios onde os moradores estavam ausentes ou se recusaram a responder. As áreas de periferias urbanas figuram entre os locais onde foram registradas altas taxas de não-resposta, e, portanto, estão sendo alvo desse trabalho de apuração.

Nesse sentido, o evento do Dia Nacional de Mobilização do Censo nas Comunidades, promovido no último sábado (25) contribuiu para o esforço do IBGE em melhorar o recenseamento dos aglomerados subnormais em todo o país nesta fase de apuração dos dados. Aglomerados subnormais são definidos como uma forma de ocupação irregular para fins de habitação, caracterizada principalmente pela indisponibilidade de serviços públicos essenciais. O Ceará possui 729 aglomerados subnormais distribuídos na capital Fortaleza e em outros 32 municípios, totalizando 1721 setores censitários.

Todos os setores onde foram registradas taxas de não-resposta superiores a 5%, sejam estes de aglomerados subnormais ou não, serão revisitados na fase de apuração, e nova tentativa de recenseamento será feita. A ação nacional de mobilização, ao promover divulgação via imprensa, contribui para a conscientização dos moradores dos aglomerados subnormais, para que, diante do novo contato do recenseador, estes se mostrem disponíveis a participar do Censo.


A divulgação via imprensa foi essencial para a disseminação da mensagem do Censo para outras comunidades do país.
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