SES Pará finaliza coleta de população Warao com reunião de agradecimento a parceiras

Editoria: Censo 2022 | Da Redação

27/01/2023 18h04 | Atualizado em 27/01/2023 18h08

Reunião de agradecimento a parceiras na coleta Warao, no Pará

A Superintendência Estadual do IBGE no Pará realizou uma reunião em sua sede, no último dia 17, para agradecer à Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e à Cáritas Brasileira, parceiras da Coordenação Técnica Estadual do Censo 2022, desde o planejamento até a finalização da coleta da população Warao, naquele estado. A reunião foi conduzida pelo analista censitário e cientista social José Maria Costa Júnior, responsável, na SES Pará, por planejar e articular todas as ações que viabilizaram a coleta de Povos e Comunidades Tradicionais (PCTs) em solo paraense.

A reunião contou com a presença da assistente sênior de campo da ACNUR, Tamajara da Silva, e pela assistente de gestão da informação da agência, Vivian Cabeça. Já pela Cáritas Brasileira estiveram presentes Joana Lima, que é assessora técnica de proteção; e Rosane Gomes, coordenadora local do Projeto Orinoco III-PA.

Da SES Pará, além do analista censitário José Maria Júnior, participaram o coordenador técnico estadual do Censo, Luiz Cláudio Martins; a coordenadora de divulgação, Norma Bentes; a supervisora da PNAD contínua, Ângela Gemaque; além de Waldir Hipólito e Regivaldo Aguiar, que integram a Supervisão de Base Territorial (SBT/SES PA).

O analista José Maria iniciou sua exposição lembrando as ações do IBGE para o aprimoramento da coleta de indígenas durante o Censo de 2022. “Novas tecnologias para melhorar nossa base territorial; acordos de cooperação técnica com órgãos que atuam junto a essas populações e contam com ampla base de informações; incentivo à participação dos próprios indígenas no planejamento do censo; criação de um dia específico nos treinamentos de toda a cadeia só para falar de PCT’s: essas são só algumas das ações que garantiram para este censo uma qualidade de coleta nunca antes alcançada pelo órgão”, ressaltou José Maria.

Reunião de agradecimento a parceiras na coleta Warao, no Pará

Ainda de acordo com a exposição do analista, o IBGE realizou recenseamento de residentes Warao em seis municípios paraenses, a maioria em Belém e Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém (RMB). Na capital, o IBGE, com o apoio da Acnur, recenseou famílias Warao nos bairros da Campina, Tapanã e no Distrito do Outeiro. Já em Ananindeua, os questionários foram preenchidos nos bairros do Curuçambá, Levilândia e Distrito Industrial.

Além dos residentes na Região Metropolitana, o IBGE realizou coleta de Warao em Santarém (onde foi identificado um abrigo e nenhum domicílio particular), Parauapebas (também um abrigo), Marabá (vários domicílios particulares) e, por fim, Salinópolis, município incluindo na lista de locais para coleta de Warao já no final da operação censitária, quando a equipe daquela área tomou conhecimento de uma propriedade particular que havia sido recentemente adquirida por uma família Warao, com cerca de 15 integrantes.

José Maria também agradeceu, especialmente às representantes da Acnur, pela intermediação que garantiu a participação de intérpretes Warao na coleta do Censo. O grupo foi formado por refugiados que residem em Belém e Ananindeua, e que participaram, em abril de 2022, de uma capacitação oferecida pela Universidade de Brasília e pela Federal da Paraíba. “Além de toda a sensibilização que vocês e a equipe da Cáritas fizeram junto a essas populações, ter apresentado os intérpretes à nossa equipe foi mais que fundamental, pois a barreira da língua sempre foi um dos nossos maiores desafios” explicou o analista. “Só conseguimos realizar a coleta graças aos intérpretes que, muito antes do censo, estudaram nossos questionários e adequaram cada pergunta à realidade social, cultural e religiosa de seu povo, ensinando à nossa equipe como se portar, de que forma perguntar etc”, detalhou.

Tamajara da Silva parabenizou o IBGE pelo “cuidado e sensibilidade” na coleta dos Warao e destacou a importância de seu recenseamento para a obtenção de direitos. “Nossa expectativa é que os dados coletados pelo IBGE possam subsidiar, no futuro, políticas públicas e promover a integração dos refugiados Warao no contexto brasileiro. Reafirmamos a importância dessa iniciativa e o compromisso visando futuras parcerias com o IBGE”. Vivian Cabeça manifestou sua expectativa pelos resultados do Censo. “É um trabalho muito importante. Só de vermos a descrição de como tudo foi feito, ficamos muito entusiasmadas com o potencial do trabalho. Este censo pode trazer grandes contribuições sobre o perfil dos Warao no Brasil, sendo uma revolução na vida dessas populações”, previu a assistente da Acnur.

Para Joana Lima, da Cáritas Brasileira, a parceria com o IBGE foi uma “experiência excelente”. Joana lembrou que a Cáritas está entre as instituições que utiliza dados oficiais do IBGE para pautar suas ações e projetos. “O IBGE é uma referência internacional e saber que teremos números do IBGE sobre os Warao, há tanto tempo invisibilizados, e que, por meio desses dados, eles estarão se reconhecendo e sendo reconhecidos como parte dos que vivem no Brasil, é motivo de grande satisfação para a Cáritas Brasileira. Ainda mais sabendo do quanto as equipes do órgão se prepararam, em todos os aspectos”, disse Joana. “O respeito é linguagem universal e foi com todo o respeito à diversidade cultural dessas populações que vocês conseguiram realizar esse grande trabalho. Só temos a agradecer!”, finalizou a representante da Cáritas.

Em suas falas, os coordenadores estaduais do Censo 2022, tanto da área técnica como da divulgação, afirmaram o Censo Demográfico como uma realização não apenas do IBGE, mas de toda a sociedade, apontando a relevância dos parceiros. “O IBGE conduz o processo, mas o Censo brasileiro é algo tão grandioso que seria impossível para o IBGE dar conta sozinho. Nesse sentido, somos muito gratos aos nossos parceiros. Especialmente, no que se refere à coleta de indígenas e quilombolas, populações que guardam características tão peculiares e dificuldades de acesso até mesmo geográficas”, comentou Luiz Martins.

Para Norma Bentes, aprimorar a coleta entre os indígenas era uma “dívida” do IBGE, desde o censo 2010, “especialmente para nós que estamos na Amazônia”. Porém, lembrou Norma, “sabíamos que os desafios eram gigantes e que, sozinhos, jamais conseguiríamos avançar diante das distâncias, das dificuldades de comunicação. No caso dos Warao, termos a Acnur e a Cáritas ao nosso lado foi nosso grande diferencial e o compromisso de todos os envolvidos foi determinante para a excelência da coleta”, defendeu Norma.

Graças ao trabalho de sensibilização realizado pelos parceiros do IBGE, a SES Pará finalizou a coleta dos Warao com taxa zero de recusas.

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