Iniciada em março, a etapa de apuração do Censo Demográfico 2022 prevê o retorno dos recenseadores e supervisores aos domicílios onde os moradores estavam ausentes ou se recusaram a responder. Para viabilizar este trabalho, o IBGE tem buscado promover a conscientização das populações que residem em áreas com altas taxas de não-resposta.

Com o sucesso da ação realizada em março nos aglomerados subnormais (conhecidos como comunidades, favelas, palafitas etc), o IBGE buscou desta vez contemplar outra população que também tem sido um desafio para o Censo: os moradores de condomínios. Nesse sentido, o IBGE promoveu no último sábado (15) o Dia Nacional de Mobilização do Censo nos Condomínios. Em vários pontos do país, foram realizadas ações em áreas de condomínios de alto padrão, onde residem pessoas com faixa de renda mais alta.

Em Fortaleza-CE, a ação de sensibilização ocorreu no Parque Estadual do Cocó, localizado em uma região da capital com grande presença de condomínios, incluindo os bairros Cocó, Edson Queiroz, Aldeota, Meireles, Varjota e Papicu. Maior parque natural em área urbana do Norte e Nordeste, o Parque do Cocó é área de preservação permanente e recebe todos os dias centenas de visitantes interessados nas trilhas ecológicas, passeios de barco, atividades físicas e programações culturais.

Em Fortaleza-CE, a ação do Dia Nacional de Mobilização do Censo nos Condomínios foi realizada no Parque do Cocó

Dessa forma, a ação promovida pela Superintendência Estadual do IBGE no Ceará (SES/CE) foi pensada de modo a não poluir o parque ou atrapalhar o passeio dos visitantes. Em vez de panfletos e caixa de som, foi utilizada uma faixa e o totem dos mascotes do Censo. Coordenadores do Censo, supervisores e recenseadores abordaram os visitantes, verificando aqueles que não haviam sido recenseados e imediatamente realizando o preenchendo o questionário. Também foram distribuídos alguns exemplares do Atlas Escolar para as famílias atendidas no local.

Em vez de panfletos, outros recursos foram utilizados na divulgação

Também esteve presente o Superintendente do IBGE no Ceará, Francisco Lopes, que, além de contribuir com a sensibilização do público, também concedeu entrevista aos veículos de imprensa que estiveram no local para divulgar a ação. “Com essa mobilização, a gente espera que as pessoas que residem nos condomínios possam se sensibilizar e fornecer os dados ao Censo”, declarou o Superintendente ao Jornal O Povo.

A imprensa foi convidada para fazer a cobertura do evento

O Censo nos condomínios

O Censo Demográfico 2022 enfrenta ainda um grande desafio em sua etapa de apuração: alcançar as pessoas que residem em condomínios. Sejam horizontais ou verticais, os arranjos condominiais estão mais presentes nas grandes cidades, uma vez que oferecem aos moradores uma opção de ambiente com mais tranquilidade e conforto em meio à vida corrida e insegura. Na Região Metropolitana de Fortaleza, por exemplo, são mais de 241 mil unidades, o que representa 18,2% dos domicílios, segundo dados de 2019 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua voltada para o tema Características Gerais dos Domicílios e dos Moradores.

Por outro lado, o isolamento voluntário representa um desafio maior para acessar esses condôminos, podendo dificultar diversas ações, como é o caso do recenseamento. Até este sábado (15), a capital Fortaleza possuía uma taxa de 3.5% moradores que se recusaram a responder ao Censo, além de 4,0% domicílios onde foram registradas ausências mesmo após as cinco visitas obrigatórias do recenseador. Ambos os índices são aproximadamente o dobro do registrado para o estado do Ceará, que tem 1,8% de recusas e 1,9% de ausências, revelando que, de fato, há uma maior dificuldade para realizar pesquisas domiciliares nos grandes centros por uma série de fatores.

O Parque do Cocó está localizado em área com grande presença de condomínios

São diversos os motivos alegados pelas pessoas que recusam a visita dos recenseadores: seja por receio de perder algum benefício governamental, por temor de cair em algum golpe ou de ser vítima de algum crime, por falta de tempo para responder à pesquisa, por desconhecimento do que é o Censo e da sua importância para o país, por confundir a operação censitária com ação de um político ou partido específico, entre outros. Nos condomínios, o desafio se torna bem maior, pois muitas outras barreiras se impõem, e o impedimento pode ocorrer ainda com o síndico, o porteiro ou a portaria eletrônica, sem que o recenseador sequer tenha conseguido falar diretamente com os moradores.

Ações voltadas aos condôminos

Ao longo do Censo Demográfico 2022, e antes mesmo de seu início, várias ações foram pensadas e realizadas pela SES/CE visando alcançar estas pessoas que residem em arranjos condominiais. Reuniões com administradoras de condomínios, parcerias com associações, entrevistas em programas voltados ao público condominial, participações em eventos do setor, disseminação de material digital voltado a síndicos e condôminos, realização de ações de divulgação em áreas nobres e sugestão de pautas para a imprensa foram algumas das atividades promovidas no último ano pela Coordenação de Divulgação do Censo no Ceará.

O esforço local se soma às ações nacionais, já que o mesmo desafio está presente nas metrópoles por todo o país. As opções de preenchimento do questionário por telefone e pela internet, o aviso de visita deixado ao morador via folha de recado, a afixação de cartazes nas portarias e recepções dos prédios para identificação do recenseador, a distribuição de material de divulgação específico para o público condominial e a própria introdução do Disque-Censo são algumas das iniciativas desenvolvidas para facilitar ao máximo o trabalho de recenseamento, sobretudo em áreas de condomínios. O Dia Nacional de Mobilização do Censo nos Condomínios, promovido no último sábado (15) é mais uma tentativa de chegar a esse público antes da finalização da operação censitária.

O Dia Nacional de Mobilização do Censo nos Condomínios foi mais uma tentativa de chegar aos condôminos.