Favela no Mapa: na reta final do Censo 2022, IBGE realiza ações em aglomerados de Salvador e interior
30/03/2023 10h09 | Atualizado em 30/03/2023 10h09
Na Bahia, 1 em cada 10 domicílios ocupados (10,6% ou cerca de 470 mil, em 2019, segundo a Base Territorial do Censo 2022) estão em áreas de aglomerados subnormais (favelas ou assemelhados). Em Salvador, a proporção vai a 4 em cada 10 domicílios localizados em favelas (41,8% ou pouco mais de 375 mil, em números absolutos), 3ª maior entre as capitais e 10ª se forem considerados todos os municípios que têm aglomerados.
Por seu peso demográfico, suas características particulares e demandas específicas e urgentes, as favelas precisam estar “no mapa” e no retrato do Censo 2022, com o maior detalhamento de informações possível. Por isso é ainda mais importante garantir que, nesses locais, a não resposta à pesquisa seja menor do que 5,0% dos domicílios.
Foi justamente o foco na redução da não resposta em aglomerados subnormais que levou o IBGE, em parceria com a CUFA (Central Única das Favelas) e o Data Favela, a lançar, no sábado passado (25/03/2023), a ação Favela no Mapa.
A Bahia foi um dos estados que aderiram à mobilização, realizando ações de coleta e sensibilização da população especialmente em áreas de favelas e assemelhados, na capital, com apoio da CUFA Bahia, e interior.
Em Salvador, ação ocorreu no Bairro da Paz e contou com grande cobertura da mídia
Na capital baiana, a mobilização pela favela no mapa ocorreu , na praça central da comunidade do Bairro da Paz, local de grande movimento de pessoas e comércio.
A região começou a ser povoada na década de 1980 e foi inicialmente chamada de Invasão das Malvinas, passando a ter o nome atual na década seguinte. Segundo estudo com base no Censo 2010, tinha cerca de 19 mil moradores no último levantamento, 13 anos atrás.
A ação do dia 25/03 contou com a presença de André Urpia, superintendente do IBGE na Bahia, que colocou a “mão na massa”, ajudando a estender a faixa do Censo no bairro e distribuindo panfletos.
Rita Sacramento, presidenta da CUFA Bahia, e Márcio Lima, vice-presidente nacional da insituição, também participaram da ação e auxiliaram o recenseador Tauan Soares a realizar a coleta em domicílios que ainda não haviam respondido ao Censo.
Em postagem no Instagram, o perfil oficial da CUFA-BA reforçou a importância da mobilização: “O Censo é fundamental para voltarmos a ter políticas públicas baseadas nas necessidades dos nossos territórios. É colocar a favela no mapa do Brasil”.
Uma equipe da TV Bahia, afiliada da Rede Globo em Salvador, também acompanhou o trabalho de Tauan. A matéria sobre a ação no Bairro da Paz saiu nos dois principais jornais da emissora no sábado, o Bahia Meio-Dia e o BATV (no início da noite).
Coordenadora de Divulgação do Censo na Bahia, Mariana Viveiros reforçou o pedido de apoio à comunidade, indo a um bazar promovido pela associação de moradores, onde ela, acompanhada do coordenador de área Thiago Balesteiro, e do agente censitário municipal (ACM), Gilmar Santos, distribuíram panfletos e conversaram com lideranças locais.
A divulgação, que havia se iniciado no dia anterior, com matérias nos jornais A Tarde e Massa!, além de entradas nas rádios BandNews e Sociedade, se seguiu até a segunda-feira (27/03), quando Mariana fez uma entrada ao vivo no Jornal da Manhã, telejornal matutino da TV Bahia.
Foco em aglomerados também levou a avanço na coleta no interior
Além da capital, o foco na redução de não respostas em áreas de aglomerados subnormais também deu o tom da coleta no fim de semana, no interior da Bahia.
Em Santo Antônio de Jesus (a 187 km de Salvador), no Recôncavo, nem a forte chuva desanimou a recenseadora que atuou no bairro São Paulo e na Rua do Canal. Segundo o coordenador da área, Neilton Andrade, a ação buscou moradores ausentes nas primeiras visitas ou que haviam preferido responder de forma on-line, mas deixaram o e-ticket expirar.
“As equipes foram essenciais para o sucesso da mobilização, principalmente por terem topado ir a campo num final de semana chuvoso”, disse Neilton.
Já em Porto Seguro, a mobilização ocorreu na comunidade Mirante do Rio Verde. Única da Bahia a ter não resposta em mais de mais de 50% dos domicílios, a área viu, em dois fins de semana, essa proporção despencar para uma taxa entre 5,0 e 10,0%.