IBGE articula apoio inédito com a Força Aérea para concluir o Censo nas Terras Indígenas Yanomami e Waijãpi

Editoria: Censo 2022 | Da Redação

06/02/2023 19h04 | Atualizado em 07/02/2023 13h37

O IBGE tem participado de reuniões para ajustar os detalhes do apoio inédito da Força Aérea Brasileira (FAB), visando a concluir o recenseamento da população residente na Terra Indígena Yanomami, nos estados de Roraima e do Amazonas, e na Terra Indígena Waijãpi, no estado do Amapá. O suporte logístico será fornecido por meio do 7° Esquadrão do 8° Grupo de Aviação - Esquadrão Hárpia, sediado em Manaus-AM.

Os voos se destinam a viabilizar o acesso de recenseadores, guias da FUNAI e intérpretes para aplicação dos questionários do Censo aos moradores de cerca de 100 comunidades, nas quais se estima viverem cerca de 15 mil indígenas, onde não existe nenhuma outra forma de acesso além do helicóptero.

O Gerente de Territórios Tradicionais, Fernando Damasco, explica que a equipe do IBGE veio fechar os detalhes da operação para o recenseamento das Terras Indígenas. De acordo com Damasco, até o momento, 50% das Terras Indígenas Yanomami foram recenseadas, e os outros 50% dependem do apoio do helicóptero. “Isso representa cerca de 100 comunidades, que a gente, efetivamente, só consegue acessar com o apoio de asas rotativas”, explica. Durante as reuniões realizadas agora, “conseguimos olhar comunidade a comunidade; como vamos estruturar a operação, o quantitativo de horas-voo necessário, quantos trechos a serem percorridos, o tipo de aeronave a ser aplicada etc”, disse.

Os detalhes do planejamento operacional foram discutidos durante reuniões no hangar do Esquadrão Hárpia nos dias 30 e 31 de janeiro, com participação do Coordenador Geral de Operações Censitárias, Cláudio Marques, do Gerente de Territórios Tradicionais da DGC/CETE, Fernando Damasco, do Superintendente do IBGE no Amazonas, Ilcleson Mendes, e da Analista de Povos e Comunidades Tradicionais da Superintendência do IBGE em Roraima, Joana Praxedes.

A operação de conclusão da coleta na TI Yanomami exigirá o alinhamento entre diversas instituições. Reuniões com a FUNAI, SESAI, Exército Brasileiro e Polícia Federal estão sendo realizadas para coordenação dos trabalhos. Também no dia 2 de fevereiro, o Coordenador Geral de Operações Censitárias visitou o 4º Pelotão Especial de Fronteira, na localidade de Surucucu, em Alto Alegre - Roraima, que será o principal ponto de operacionalização do IBGE na Terra Indígena e de onde partirão os voos de helicópteros até às comunidades. O objetivo da visita foi verificar as condições de infraestrutura para alojamento da equipe de cerca de 50 pessoas, entre recenseadores, guias e intérpretes que serão responsáveis pela coleta.

Segundo Cláudio Marques, "a parceria com a FAB é estratégica para o IBGE, pois possibilita que as equipes das pesquisas possam acessar, com segurança, as localidades mais remotas e de difícil acesso, reforçando o compromisso do IBGE de acessar todo o território nacional".

Na operação serão utilizadas aeronaves de asas rotativas do tipo H-60 Black Hawk e de asas fixas C-105 Amazonas. A operação conjunta entre as Superintendências do Amazonas e de Roraima na Terra Indígena Yanomami, baseada na localidade de Surucucu, contará com 18 equipes de coleta com atuação simultânea em diversas regiões da TI, contando com planejamento operacional complexo para viabilizar alojamento, deslocamento e a infraestrutura necessária para o trabalho.

Para Fernando Damasco, a prioridade neste momento é garantir a conclusão do recenseamento dos Yanomami: "Com o decreto de emergência em saúde pública na TI Yanomami pela Presidência da República, o maior desafio é viabilizar a continuidade do Censo em paralelo às ações emergenciais de apoio aos yanomami, que são a prioridade neste momento. Estamos sensibilizando os atores governamentais para a importância da conclusão do Censo Demográfico para se disponha de dados confiáveis sobre a realidade da Terra Indígena. O Censo precisa ser compreendido como parte e subsídio dos trabalhos da força-tarefa governamental de ajuda humanitária".

Apoio fundamental

O Gerente de Territórios Tradicionais, Fernando Damasco, explica que como o IBGE só acessa as áreas mais remotas a cada Censo, não há grande experiência em contratação de transporte aéreo, “então a gente prioriza o estabelecimento de parcerias com órgãos públicos que tenham atendimento nessas áreas, então o IBGE vem tentando, com diversas instituições”, disse. Damasco também contou que, durante este Censo, o IBGE teve o apoio da FUNAI, que atendeu parcialmente a demanda de horas-voo necessárias, e o Instituto vinha fazendo aproximações com a FAB. “No momento, a TI Yanomami tem muitas demandas de atendimento emergencial, e agora reuniram as condições para que a gente consiga terminar o Censo”, observa.

Segundo Damasco, agora é hora de desdobrar as informações com o corpo técnico do IBGE, “então nós vamos definir quem vai compor as equipes, quanto tempo ficarão em campo, como vai ser a logística de apoio, porque vamos ter que montar um acampamento especial em Surucucu para abrigar nossas equipes”, explica. Para concluir, ele disse que o planejamento em detalhes é fundamental: “é uma operação que vai acontecer em 19 dias e não pode ter erros nem imprecisão, então é uma logística de grande complexidade. A Força Áerea também já está se preparando para dar início à operação, durante o mês de fevereiro ou, no máximo, no início de março”.

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