IBGE conclui recenseamento de população indígena Munduruku do Pará

Editoria: Censo 2022 | Da Redação

31/01/2023 16h31 | Atualizado em 31/01/2023 16h53


Integrantes da coordenação técnica estadual do Censo no Pará e do Grupo de Trabalho de Povos e Comunidades Tradicionais reunidos com a comunidade em Jacareacanga.  Foto: Douglas Gomes de Oliveira/Acervo IBGE

Uma equipe composta por integrantes da coordenação técnica estadual do Censo no Pará e do Grupo de Trabalho de Povos e Comunidades Tradicionais esteve em Jacareacanga (PA), no dia 18 de dezembro, para agradecer às lideranças e comunidades indígenas Munduruku pelo apoio e participação durante a coleta censitária na região.

A coleta em Jacareacanga era um dos grandes desafios do IBGE no Censo 2022, em razão do histórico de dificuldade de acesso à população indígena, tanto pelas barreiras de comunicação, já que muitos indígenas só se comunicam em sua língua originária, quanto pelas distâncias a serem vencidas para se chegar nas aldeias.

Para fazer frente aos desafios, o cientista social José Costa Jr., que atua como analista censitário ligado ao Grupo de Trabalho de Povos e Comunidades Tradicionais, explica que foram adotadas várias medidas, como a criação de uma subárea exclusiva para Jacareacanga; o aumento do número de recenseadores e supervisores para a região; bem como o estabelecimento de parcerias com a Coordenação Regional Tapajós, da FUNAI, e o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Rio Tapajós.

“A partir dessas ações e com o apoio desses parceiros, tornou-se possível realizar atividades de sensibilização junto às lideranças indígenas, com sucessivas reuniões nas comunidades, muito antes do início da coleta”, lembra o analista.

Ainda em junho de 2022, apresentações sobre o Censo 2022 foram realizadas dentro das aldeias Sai Cinza e Missão São Francisco. Nesta última área, as dificuldades eram tantas que o IBGE não pôde realizar coleta no Censo 2010 nem no Censo Agropecuário (2017).

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Boas-vindas na chegada da equipe do IBGE ao local - Foto: Douglas Gomes de Oliveira/Acervo IBGE
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Aldeia de difícil acesso na região amazônica paraense - Foto: Douglas Gomes de Oliveira/Acervo IBGE
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Noite de festa na aldeia - Foto: Douglas Gomes de Oliveira/Acervo IBGE
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Diálogo sempre aberto com as lideranças locais - Foto: Douglas Gomes de Oliveira/Acervo IBGE
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Apresentação de resultados à comunidade - Foto: Douglas Gomes de Oliveira/Acervo IBGE
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Tecnologia a serviço do Censo - Foto: Douglas Gomes de Oliveira/Acervo IBGE
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Vista aérea pouco antes da aterrissagem na aldeia - Foto: Douglas Gomes de Oliveira/Acervo IBGE

De acordo com Marta Antunes, coordenadora do Censo em Povos e Comunidades Tradicionais, a metodologia do Censo 2022 em terras indígenas respeita os direitos desses povos à consulta. “Por isso, em junho, levamos dois dias subindo o Rio Tapajós de voadeira e, depois, o Cururu para chegar à aldeia Missão, onde o censo não teve permissão para ser realizado em 2010 e 2017. No caminho, paramos nos postos de saúde da Sesai, deixando material de sensibilização e conversando com várias lideranças”, relembra. “Em dezembro, com nossa devolutiva, mostramos os mapas das localidades visitadas, confirmando que nenhuma aldeia ficou de fora”.

Para o coordenador técnico estadual do Censo, Luiz Cláudio Martins, o resultado de tanto esforço nessas ações de sensibilização se refletiu na participação ativa dos Munduruku, durante toda a operação. “Os indígenas atuaram como recenseadores, intérpretes durante o treinamento, guias e intérpretes durante a coleta, pilotos, entre muitas outras atividades. Com isso, puderam compreender a importância do trabalho, percebendo-se como parte de tudo”, avalia o Luiz Cláudio.

Estreitando relações

Para garantir a manutenção da relação positiva com os Munduruku durante a operação censitária 2022, foi realizada uma reunião de encerramento da coleta, no dia 18 de dezembro, dentro da aldeia Missão São Francisco, uma das mais importantes da região. “Fizemos questão de realizar essa devolutiva à comunidade e suas lideranças. E foi um momento muito especial, onde tivemos a oportunidade de agradecer aos caciques, pajés, professores indígenas e à população em geral que nos acolheu e esteve conosco lado a lado, durante todo o trabalho”, relata o coordenador técnico estadual Luiz Cláudio Martins.

Da reunião de devolutiva, participaram ainda os servidores Douglas Oliveira (GPS); José Maria Costa (Analista Censitário/CD2022 - UE PA) e Marta Antunes (GT-PCT/IBGE). Pela Funai, participaram a ouvidora Rute Pacheco, o titular da Coordenação Regional Tapajós, Martin Corrêa; e o servidor Nicholas dos Santos.

As equipes do IBGE e da FUNAI embarcaram nos municípios de Santarém e Itaituba, na manhã de 17 de dezembro, chagando na aldeia no início da tarde do mesmo dia. O retorno se deu logo após a reunião, ainda no dia 18.

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