“Fazemos questão de participar”: casal de nonagenários vai pessoalmente à sede do IBGE no Ceará solicitar recenseamento

Editoria: Censo 2022 | Da Redação

22/12/2022 15h26 | Atualizado em 22/12/2022 18h30

Após ter recebido uma carta de notificação do IBGE, um casal de nonagenários fez questão de cumprir com o dever de participar do Censo Demográfico 2022. Fernando Albernaz, de 95 anos, e Lygia de França Albernaz, de 93 anos, que residem no bairro Aldeota, na capital Fortaleza, não quiseram aguardar pelo retorno do recenseador ao domicílio, e decidiram ir pessoalmente até a sede da Superintendência do IBGE no Ceará (SES/CE) para solicitar o preenchimento do questionário. A visita ocorreu na tarde do dia 6 de dezembro, ocasião em que o casal foi recebido pelo Superintendente do IBGE no Ceará, Francisco Lopes, e pela equipe da Coordenação de Divulgação do Censo no estado.


O casal de nonagenários foi recebido na sede da SES/CE pelo Superintendente Francisco Lopes

A visita especial foi uma grata surpresa para os servidores do IBGE, que prontamente providenciaram o recenseamento de Dona Lygia e Seu Fernando. Theo Sales, Coordenador de Área do Censo em Fortaleza, fez o papel de recenseador e, munido do Dispositivo Móvel de Coleta (DMC), registrou cada uma das respostas do casal. O questionário sorteado foi o básico, que possui apenas 26 perguntas e é aplicado na maioria dos domicílios. Em menos de cinco minutos, Theo anunciou que o recenseamento estava finalizado, o que causou grande admiração no casal, que não imaginava que seria tão rápido e fácil participar do Censo.


O Coordenador de Área Theo Sales realizou o recenseamento de Dona Lygia e Seu Fernando.

Exemplo de cidadania

“E tem alguém que deixa de responder?”, perguntou, surpreso, Seu Fernando, que sempre fez questão de participar de todos os recenseamentos que já ocorreram ao longo de suas mais de nove décadas de vida. Enquanto muitas pessoas se recusam a receber o Censo, ele e sua esposa são a demostração de que a idade avançada não é obstáculo para participar. Mais velhos até que o próprio IBGE, que foi fundado em 1936, há 86 anos, Dona Lygia e Seu Fernando se mostraram bastante ativos e lúcidos, com muito conhecimento e experiência acumulados.


Lygia Albernaz, de 93 anos, disse ter gostado muito de participar do Censo 2022.

 


Fernando Albernaz, de 95 anos, comentou sobre a importância do Censo Demográfico.

Entre as áreas no Ceará com maior incidência de recusas ao Censo está o bairro Aldeota, onde o casal reside, uma região de classe média alta com vários condomínios de alto padrão. Ao contrário de seus vizinhos, Dona Lygia e Seu Fernando entendem muito bem a importância de fornecer suas informações para o IBGE. “As pessoas têm que saber quem somos, quantos somos, como somos. No mundo inteiro o povo faz questão de responder às pesquisas. Mas aqui no Brasil muita gente tem medo. Não sei por quê!”, afirmou Seu Fernando.

Servidores públicos aposentados, eles se conheceram quando trabalhavam na então Rede de Viação Cearense, empresa federal criada em 1909 que administrava estradas de ferro do estado. Posteriormente, os dois foram incorporados à Receita Federal, quando esta foi fundada em 1968. Neste órgão, eles trabalharam por toda a vida até o momento da aposentadoria. “Eu gosto muito de dar atenção às pessoas que trabalham”, destacou Seu Fernando, que dedicou, ao todo, sete décadas de vida ao serviço público. “E vocês do IBGE sabem trabalhar. São um povo preparadíssimo. Por isso eu quis vir até aqui. A gente tem que dar prestígio e agradecer”, completou.

Um amigo do Censo

Para chegarem até o IBGE, Dona Lygia e Seu Fernando contaram com o apoio de José Maria de Oliveira, grande amigo da família, que os levou para serem recenseados. Ele tem acompanhado os dois há 42 anos, desde que se mudou do seu município natal, Aracati-CE, para a capital do estado.

Agora, percebendo no casal de amigos, que ele considera como pais, o desejo de participar do Censo, José Maria se viu na obrigação de ajudar: “Eles ficaram interessados, e disseram que queriam vir. Porque eles são assim, gostam de ir pessoalmente, de estar presentes. E eu, claro, com o maior prazer os trouxe.” Dona Lygia não escondeu a gratidão que sente pela amizade: “Esse rapaz eu escolhi como meu maior amigo, é como se fosse meu neto. Ele faz tudo para mim.”


Amigo da família, José Maria fez questão de levar o casal para ser recenseado.

José Maria também já cumpriu com o seu dever de responder ao Censo 2022 quando o recenseador visitou sua residência. Ele, que é juiz de paz e Diretor Institucional do Fórum de Justiça Arbitral, mencionou a importância dos dados do IBGE para identificar com maior precisão a situação do Brasil.

O Censo vai aonde o povo está

Embora o casal de nonagenários tenha optado por se dirigir à sede da SES/CE, não é necessário se deslocar até um posto de coleta do Censo ou Agência do IBGE para ser recenseado. Quando o morador não é encontrado na primeira visita, o recenseador precisará retornar ao domicílio pelo menos outras quatro vezes. Além disso, o recenseador deixará na caixa de correio uma folha de recado avisando da visita realizada e informando seu telefone para que o morador entre em contato.

Já as cartas de notificação, como a que foi entregue ao casal de idosos, têm sido um dos recursos utilizados no convencimento de moradores mais resistentes em responder ao Censo. O documento, que tem sido distribuído sobretudo em áreas de condomínios de alto padrão, menciona a obrigatoriedade de prestação de informações estatísticas, de acordo com a Lei nº 5.534 de 14 de novembro de 1968, sob pena de multa. A mesma lei também garante o caráter sigiloso das informações prestadas, as quais serão usadas exclusivamente para fins estatísticos.

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