"Minha motivação é fornecer dados aos Brasileiros", Wesley Mendonça, recenseador em SP

Editoria: Censo 2022 | Da Redação

28/11/2022 11h02 | Atualizado em 28/11/2022 11h02

Atuando no Censo 2022 desde o pontapé inicial da coleta, Wesley Mendonça, 24, destaca-se nesta edição devido a sua produtividade extraordinária. O recenseador, que realiza uma média de 30 entrevistas por dia, atua na região central de São Paulo, endereço conhecido por sediar centenas de lojas de comércio popular e pontos turísticos famosos, entre eles: Teatro Municipal, Viaduto do Chá e a Biblioteca Mário de Andrade.

Graduado em ciências sociais, o rapaz comentou que sempre quis atuar com pesquisas em campo e que o trabalho o tem ajudado a vivenciar novas experiências. "Quando eu ainda estava no curso, sempre tive vontade de trabalhar em campo. Assim sendo, busquei estágios em algumas fundações de análise de dados, mas nunca cheguei a ir a campo de fato. Em 2019, eu vi algo sobre o concurso do Censo na internet, procurei saber um pouco mais sobre a importância desse trabalho e notei que essa experiência poderia proporcionar a chance de fazer o que eu realmente queria - trabalhar nas ruas e conhecer melhor a realidade do lugar que vivo. Eu acompanho a cena cultural e artística, então sempre gostei muito de conversar. Quando eu saio para coletar, não desejo apenas concluir o questionário, mas também conhecer um pouco mais sobre a vida das pessoas. Recenseei a Rua Bela Cintra, no bairro da Bela Vista, que é uma região mais chique, e também fiz a Vila Buarque, onde os moradores possuem poder aquisitivo menor. Foi possível observar muitas diferenças sociais: o tempo que levei para concluir os questionários, as conversas que tive... os contrastes foram gritantes. Nos bairros mais ricos, eu notei que as pessoas apenas respondiam o questionário por obrigação. Já em locais mais simples, o pessoal não só respondia as perguntas, mas também tentava expor um pouco mais de suas vidas. Além disso, embora o trabalho no Censo seja algo temporário, o recenseador acaba criando alguns vínculos e construi uma rede de apoio muito bacana. Eu fiz amigos nos postos de coleta, conversei bastante sobre situações que vivi em campo, compartilhei experiências. Tudo isso foi muito enriquecedor".


Wesley Mendonça, 24, atua na região central de São Paulo - um dos pontos mais críticos para a realização da coleta no Censo 2022

Wesley já representa o IBGE como recenseador há 4 meses, e apesar de ter conseguido um emprego formal no último mês de outubro, continua no trabalho porque admira a função social da pesquisa. "Fiz o concurso em abril e comecei aqui no dia 1º de agosto. Recordo que, no primeiro dia, por volta das 8h da manhã, quando cheguei no posto de coleta, comecei a elaborar alguns jingles sobre o Censo para me manter motivado. Desde então, eu tirei apenas 4 dias de descanso. Em outubro, consegui um trabalho como produtor cultural na Biblioteca Monteiro Lobato, mas como consigo conciliar as duas funções, continuo trabalhando no Censo. Além de ser benéfico em termos financeiros, esse é um serviço que gosto de fazer".

O trabalho em campo proporciona diversos momentos inusitados e Wesley fez questão de destacar algumas surpresas que vivenciou durante a coleta. "Certo dia, encontrei uma amiga de uma professora que lecionou na universidade que estudei e acabamos conversando por mais de uma hora. Teve outro momento bem legal na Vila Buarque, quando precisei pegar coordenadas em um prédio. Não foi fácil entrar no edifício, mas após muita conversa com a síndica, a contadora e até a advogada do condomínio, o pessoal me deixou entrar. Durante a visita, o zelador me acompanhou até o para-raios do prédio, a uns 100 metros de altura, que fornecia uma vista bem legal de toda a cidade. Nesse momento, eu pensei: 'Nossa, eu vim trabalhar no Censo, mas acabei me metendo numa aventura dessas (risos)'".


"Em 2019, eu vi algo sobre o concurso do Censo na internet, procurei saber um pouco mais sobre a importância desse trabalho e notei que essa experiência poderia proporcionar a chance de fazer o que eu realmente queria - trabalhar nas ruas e conhecer melhor a realidade do lugar que vivo", afirmou o jovem em entrevista a SDI/SES-SP

No entanto, o jovem também destacou certos contratempos que experimentou no início do trabalho. "Logo nos primeiros dias tive dificuldades para acessar alguns prédios. Isso não aconteceu apenas comigo, mas com centenas de colegas recenseadores. Rolou toda uma burocracia com síndicos exigentes que não nos deixavam trabalhar nos edifícios, mesmo após checarem nossos crachás. Acho que isso aconteceu devido ao desconhecimento geral da população em relação ao Censo. Além disso, alguns moradores que se recusaram a responder o questionário tiveram uma postura bem agressiva, chegando ao limite do bom senso. Felizmente, episódios negativos foram exceções, e a experiência geral foi bem positiva".

Sobre a produtividade fora de série, Wesley afirmou que a formação em ciências sociais e seu engajamento político serviram como "combustível" para a excelente performance. Ele reconhece que o trabalho possui uma grande importância para a sociedade brasileira e ainda mencionou que os números da pesquisa irão servir para esclarecer as principais mudanças sociais que aconteceram no país ao longo da última década. "Minha motivação é fornecer dados aos brasileiros. Eu sou cientista social e sei o quanto esses números são importantes para a nação. O Censo é fundamental para entender o que mudou no Brasil nesses últimos 12 anos. Na última década, passamos por crises financeiras, os governos da Dilma, do Temer, do Bolsonaro... somente por meio do Censo a sociedade brasileira será capaz de entender o impacto de todos esses acontecimentos. Eu sou uma pessoa politicamente engajada, então isso acaba me empolgando".

Wesley também deixa uma dica para os recenseadores nesta reta final: "Visem suas metas financeiras, respeitem uma carga horária confortável e tenham consciência de que o trabalho de vocês é realmente importante para o país!".

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