Experiência conta: recenseadores acima de 60 anos mostram seu valor

Editoria: Censo 2022 | Da Redação

07/11/2022 10h48 | Atualizado em 10/11/2022 12h00

Recenseadores mais experientes seguem colaborando para retratar a realidade do país - Foto: Acervo IBGE

Eles já passaram dos 60 anos e vestem, com orgulho, colete azul e boné de aba amarela do IBGE. São facilmente encontrados no vai e vem das ruas Brasil afora. O andar sem pressa pelas calçadas, batendo de casa em casa, e a experiência no trato com os moradores não deixam dúvidas: o contingente de recenseadores mais idosos a serviço do Censo 2022 é bastante elevado – e vigoroso.

Com diferentes sotaques, visões de mundo e histórias de vida, em comum carregam a disposição para o trabalho e a competência para finalizar seus setores censitários. Confira uma amostra de depoimentos de alguns dos colaboradores de perfil mais sênior que, desde 1º de agosto, estão ajudando a retratar a realidade do país de Norte a Sul.

Recenseador: Nilton de Alcântara Plácido
Idade: 71 anos
Área: Campo Grande (MS)

“A gente se esforça para fazer o melhor trabalho possível.”

Desde criança, Nilton queria trabalhar no IBGE. Isso porque seu pai (ainda vivo, com 92 anos), lhe contava histórias da época em que fazia coletas para o IBGE em área rural. Mas a vida o levou a ser bancário, até aposentar-se. Retomando o sonho infantil, decidiu concorrer a uma vaga de recenseador – e não se arrepende.

“É um trabalho muito importante, gosto de conhecer pessoas”, comenta.

A maior dificuldade, segundo ele, é encontrar as pessoas em casa. “Muita gente viajando, trabalhando...mas a gente volta quantas vezes for necessário, até conseguir preencher o questionário”, avisa.

Recenseador: Juarez Caznok
Idade: 67 anos
Área: Curitiba (PR)


“Sorrir é fundamental, a abordagem precisa ser simpática.”

Ele já passou dos 800 questionários aplicados, recenseou mais de duas mil pessoas e está trabalhando em seu sexto setor na capital paranaense. Com esse currículo, o aposentado Juarez Caznok é, sem dúvida, um dos campeões de produtividade no Censo 2022.

Na sua opinião, é importante que o recenseador tenha boas habilidades interpessoais, seja simpático e goste de se comunicar. Nos condomínios e prédios de apartamento, é importante conversar com síndico ou porteiro, para ajudar a se comunicar com os moradores. “Mas isso aqui [o colete] ajuda muito, tem de usar com orgulho”, explica, mostrando o uniforme do IBGE.

Recenseador: Natham Inácio de Freitas
Idade: 66 anos
Área: Anápolis (GO)

“Estou aqui com a missão de ajudar as pessoas, de todos os níveis, de todas as classes.”

Para o engenheiro aposentado, a experiência de trabalhar no Censo tem sido gratificante. Natham conta que viu no IBGE a oportunidade de poder ajudar os moradores e servir à comunidade. Segundo ele, algumas pessoas olham com descaso para a pesquisa, o que o faz persistir no trabalho de convencimento sobre a relevância do levantamento. “Mas a maioria apoia a coleta”, diz.

Aos 66 anos, ele deixa um recado a todos os colegas recenseadores em atividade Brasil afora: “Não desistam. O trabalho é difícil, mas nada na vida é fácil”.

Recenseador: Raimundo Nonato Campos
Idade: 66 anos
Área: Méier, Rio de Janeiro (RJ)

“Não fico em casa parado, esperando doença chegar... quero atividade!”

Para quem operava navios de grande porte, aprender a usar o Dispositivo Móvel de Coleta (DMC) foi muito fácil. É o que conta Raimundo Nonato, ex-comandante da Marinha Mercante. Aposentado, diz que procurou o IBGE para manter-se ativo, pois não suporta ficar parado em casa.

Sobre o trabalho, tem conseguido abrir muitas portas nos condomínios onde atua, com diálogo e experiência. “Trabalhar no IBGE é excelente para o currículo dos mais jovens e para a cabeça dos mais idosos”, afirma.

Recenseadora: Sônia Maria de Oliveira Gratão
Idade: 63 anos
Área: Anápolis (GO)

“As pessoas me olham e dão credibilidade, me convidam a entrar, me apoiam.”

Sônia afirma que trabalhar no Censo 2022 tem sido uma experiência extremamente positiva. Segundo ela, as pessoas confiam no seu serviço e se mostram mais receptivas a uma pessoa de mais idade que se dispõe a trabalhar na coleta domiciliar. “Isso quebra uma possível desconfiança inicial”, explica.

Animada, faz planos para o futuro. “Espero que daqui a 10 anos, se eu ainda estiver ativa aos 73, eu possa participar do próximo Censo. Nosso país precisa disso, é necessário mostrar mais interesse pelo ser humano”.

Recenseador: José Ruivam da Cruz
Idade: 61 anos
Área: São Cristóvão, região metropolitana de Aracaju (SE)

“Acredito que não podemos parar, por isso, sigo estudando e espero voltar para o IBGE um dia como efetivo.”

Além da necessidade de manter-se ativo e ganhar algum dinheiro, José se diz com vontade de fazer um trabalho representativo de qualidade. Ele garante que vai se lembrar para sempre das amizades conquistadas nos treinamentos e do convívio com as equipes do IBGE -- além das pessoas que entrevistou.

Quando menor de idade, José já vendeu bala nas ruas da capital sergipana. Também foi eletricista e datilógrafo. Aos 16 anos, começou a trabalhar para um jornal de Aracaju e não parou mais. Formou-se em estatística e, a partir daí, passou a admirar a atuação do IBGE, interessando-se pelo trabalho de campo. “Atualmente, estudo fisioterapia na Universidade Federal de Sergipe. Afinal, não podemos parar”, ensina.

Recenseadora: Maria Aparecida da Rocha Lima
Idade: 61 anos
Área: Campo Grande (MS)

“Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não pare de caminhar.”

Recém-formada em pedagogia, Aparecida entende que toda experiência que acumula no Censo lhe servirá no futuro, seja na carreira profissional, seja na vida pessoal. “O companheirismo da equipe, nos treinamentos e no trabalho de campo, é algo que vou levar para sempre”, avalia.

Aos 61 anos, ela conta que já fez de tudo antes de chegar ao Censo. “De pedreira a doméstica, nunca parei de trabalhar”. E cita o autor Eduardo Galeano para explicar sua marcha sempre em frente: “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”.

Recenseador: Ricardo Freitas Castro
Idade: 61 anos
Área: Bairro São Pedro, Belo Horizonte (MG)

“Jogo de cintura é fundamental para quebrar as recusas.”

Além da possibilidade de reforçar a renda, Ricardo decidiu ser recenseador também pela questão da cidadania. "Venho de uma família de servidores públicos e sei da importância do Censo Demográfico no desenvolvimento das políticas públicas".

Ele costuma chegar de bicicleta ao bairro onde atua, na região sul de Belo Horizonte, e tem sido bem recebido na maioria dos domicílios. “Sou muito tranquilo, tento entender o lado das pessoas que não querem me atender, e insisto com jeitinho”. Até agora, Ricardo registrou “zero” recusas.

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