"O importante é lidar com a realidade e planejar", diz recenseador do Rio de Janeiro

Editoria: Censo 2022 | Da Redação

03/11/2022 11h42 | Atualizado em 03/11/2022 11h42

Com mais de 10 setores terminados, 2818 questionários realizados, Victor Sousa, 38 anos, é um dos recenseadores de maior produção do Rio de Janeiro. A média de questionários dele é de mais de 60 por dia. Ele entrou no IBGE por acaso, por conta da oportunidade de emprego, mas logo percebeu a importância do trabalho.

Embora já conhecesse o IBGE, não tinha ideia da dimensão do trabalho: "Isso fez com que eu me dedicasse ainda mais. Por meio desses importantes dados coletados, é que todos os Governos conseguem promover melhorias e desenvolvimento para toda a sociedade brasileira", afirmou.

Victor é técnico de logística em transportes, tem experiência na gerência administrativa e em áreas de produção. Para ele, o saber como falar, o ser educado e respeitoso já era imprescindível para o bom resultado das áreas em que trabalhou, mas ele também considera ter uma correlação importante com o trabalho de recenseador.

A técnica já começa na abordagem: ao chegar em uma residência, depois da identificação, Victor já diz logo: “Você pode ajudar no Censo? Só vai levar uns minutinhos”. Depois disso, a atenção é automática, porque os entrevistados entendem que a pesquisa não vai demorar.

Para Victor, não há segredo no seu sucesso como recenseador. O importante é lidar com a realidade local e planejar: “Em Japeri, por exemplo, é a dona de casa que coloca as crianças para escola e os horários são corridos nas residências, por isso, eu só chego depois desse momento”.

O conselho para outros recenseadores é simples: manter o foco, ser educado e prestar bastante atenção nas respostas. “E a familiaridade com o dispositivo móvel de coleta também é fundamental para o bom desenvolvimento do trabalho e um aumento expressivo da produção. Desde o início do treinamento até o trabalho em campo, tive o privilégio de trabalhar com os melhores supervisores e coordenação, cruciais para meu bom desempenho no trabalho”, ressaltou Victor.

Quebra de recusas

Nem sempre o morador quer conceder a entrevista, mas Victor já quebrou quase todas as recusas com educação e um tom de voz amigável. Nos seus setores, só teve uma única recusa: ele sempre voltava para residência, até achar a pessoa em casa e conversar: "Cheguei a ir nove vezes até conseguir. Em outras situações, ia na casa dos parentes próximos ao endereço. Foi exaustivo, porém a única forma de conseguir todas as informações".

A ideia é fazer o entrevistado se sentir como se estivesse fazendo um favor de responder algo bem rápido: “Muitas das vezes, com essa atitude, o próprio entrevistado chama os vizinhos para responder ao questionário. E eu adianto mais ainda a produção do meu dia”, completou.

O aposentado Jorge Madeira, 58 anos, também é bom em quebrar recusas. Nos seis setores em que já passou, já fez aproximadamente 1000 questionários e somente teve 7 recusas: "Tenho experiência no trato com as pessoas. Eu não tenho problema de me relacionar, 34 anos trabalhados no Banco do Brasil, eu sei como lidar com diferentes tipos de pessoa".

Madeira tem um procedimento prévio à coleta: ele vai ao local se apresentar, entrega o cartaz com a sua identificação, ensina a pessoa a conferir o QR code com a sua identificação no 0800, seja com o morador, porteiro ou síndico: "Depois disso, fico na portaria à disposição para responder a qualquer pergunta".

Outro artifício dele é usar o grupo de mensagens instantâneas do condomínio. Madeira pede ao síndico para apresentá-lo no grupo, com o cartaz de identificação. E solicita aos moradores que já responderam para compartilharem a experiência com os vizinhos, ou um depoimento no grupo.

Além disso, o aposentado também retorna o máximo de vezes aos locais de recusa, mas sem atrapalhar o fechamento do setor: "Já cheguei a ir 18 vezes, até encontrar a pessoa em casa".

A folha de recado também é outro instrumento para conseguir as entrevistas: "Muitas vezes, as pessoas leem o recado e abrem as portas. Outras vezes consigo o número com o síndico". Madeira já fez entrevista com uma moradora, enquanto ela estava de férias na Disney: "entre um brinquedo e outro", explica Madeira.

"Em último caso, eu informo sobre a Lei nº 5.534: a obrigatoriedade de prestação de informações estatísticas. Na maioria das vezes, o morador responde logo. Tem que correr atrás, não desistir nas primeiras tentativas", complementa Madeira.

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