^{Registros visuais dos polos de treinamento de recenseadores por todo o Ceará}

Chegou finalmente a última etapa da longa cadeia de Treinamento Centralizado de Coleta e Supervisão do Censo 2022 no Ceará. Após ter sido dada a largada ainda em fevereiro na sede do IBGE no Rio de Janeiro, e serem então percorridas mais quatro fases nos meses subsequentes em cada Unidade da Federação, os treinamentos agora atingiram a tão almejada linha de chegada: a formação dos futuros recenseadores. O recenseador é a peça-chave da operação censitária, já que é ele o responsável por ir a campo, registrando os domicílios e realizando as entrevistas com os moradores.

No dia 18 de julho, 7.348 recenseadores começaram a ser treinados no Ceará, sendo 2.269 destes só na capital. Os treinamentos aconteceram em cerca de 200 locais em todos os municípios cearenses. Estiveram como instrutores sobretudo os Agentes Censitários Municipais (ACM) e Agentes Censitários Supervisores (ACS) que haviam sido treinados na fase anterior, em junho, mas também outros servidores dos quadros temporário e permanente. As salas para alocar cada uma das turmas foram, mais uma vez, cedidas mediante parcerias estabelecidas entre a Unidade Estadual do IBGE No Ceará (UE/CE) e diversas instituições públicas e privadas.

A semana de treinamentos dos recenseadores gerou muita repercussão na imprensa cearense, com entrevistas sendo dadas para a TV Verdes Mares Cariri, TV Ceará, TV Assembleia, TV Diário, Rádio Jovem Pan News, Rádio Dom Bosco e Blog de Pentecoste. A capacitação se estendeu até o dia 22 de julho para a maioria dos recenseadores, com exceção daqueles que atuarão junto aos Povos e Comunidades Tradicionais (PCT), os quais tiveram mais um dia de aula específica para o desenvolvimento deste trabalho. Encerrados os treinamentos, todos os recenseadores passaram por uma avaliação dos conhecimentos para, após aprovados, poderem ser finalmente contratados, o que deve ocorrer na semana de 25 a 29 de julho.

^{Os treinamentos dos recenseadores geraram repercussão na imprensa cearense.}

Agarrando a oportunidade do Censo

Para muitas pessoas, os recenseamentos promovidos pelo IBGE representam uma oportunidade de unir o útil ao agradável: por um lado, cumprir uma importante missão e ajudar o país, e, por outro, também obter as vantagens desse trabalho.

É o caso de muitos que estão trabalhando pela primeira vez no Censo, como Maria de Fátima Alves, que tem apenas 21 anos e será recenseadora no município de Umirim. Ela, que está bem perto de finalizar a graduação em Letras, diz ter enxergado no Censo uma forma de testar seus conhecimentos em processos seletivos e concursos e adquirir experiência profissional. “Poder contribuir para o Censo é muito gratificante, pois eu sei que sou uma peça essencial para que os dados sejam coletados corretamente”, reconheceu a jovem.

Outra pessoa que irá se beneficiar bastante do Censo é Naiane Oliveira, do município de Aiuaba, que, aos 29 anos, está estreando como recenseadora. Ela tem um filho de dois anos e tem trabalhado fazendo refeições para vender, já que a renda do seu marido, que é servente de pedreiro, não é suficiente para sustentar a família. Naiane percebeu o Censo como uma oportunidade de realizar um desejo antigo: terminar a construção da sua casa, que está parada por falta de dinheiro. “O Censo é uma chance que Deus está me dando de trabalhar, de mostrar o meu potencial, de ajudar o Brasil e meu município, e também de fazer minha casa, que é o grande sonho da minha vida”, comemorou a futura recenseadora, que está comprometida em realizar o melhor trabalho possível.

^{Naiane Oliveira vê o Censo como oportunidade para juntar dinheiro e realizar o sonho de construir sua casa}

Aos 67 anos, José Neto da Silva também está vivendo seu primeiro recenseamento. Aposentado, após ter trabalhado quase 20 anos como professor de Geografia e Matemática do Ensino Médio, ele viu o Censo como uma atividade gratificante para ocupar-se. “Eu sou assim, não gosto muito de estar parado, apesar de já ter trabalhado bastante. Gosto de estar me movimentando, de estar em contato com as pessoas”, disse o recenseador, que irá atuar em Morada Nova, município onde reside atualmente. Ele, que antes repassava aos seus alunos as informações produzidas pelo IBGE, agora, com o Censo, vai estar atuando na construção desses dados. “Estou feliz em poder colaborar, e vou procurar me aprofundar nos conhecimentos, para entender mais detalhadamente a missão do IBGE, sua estrutura, projetos e pesquisas”, afirma Seu José, que diz estar apto para enfrentar o trabalho.

O bom filho ao Censo retorna

Quem conhece o Censo, não esquece jamais. E muitas vezes acaba retornando, para viver outras jornadas, trazendo na bagagem muitas vivências acumuladas, disposição para colaborar e  ensinamentos aos principiantes.

Aos 54 anos, Maria Gardênia Braga estará atuando pela terceira vez consecutiva em Censos Demográficos. Tendo recenseado a população de seu município, Maracanaú, nos anos de 2000 e 2010, ela hoje se prepara para mais uma operação censitária. E agora dá dicas aos colegas que estão iniciando na caminhada, baseando-se nas situações que enfrentou e nos aprendizados que adquiriu. “Vai sem medo. Tem muita gente que trata a gente bem, oferece um cafezinho, água, manda entrar. Então vai com fé, faz um trabalho direitinho, o mais fiel à realidade. Cuidado para não cadastrar uma pessoa duas vezes, ou deixar de cadastrar alguém. Tudo tem que ser anotado, tem que ter esse cuidado”, recomenda a veterana.

Com bem mais experiência, José Vicente de Lucena, de 71 anos, estará participando mais uma vez de recenseamento no município de Pereiro. Ao todo, são dois Censos demográficos (1980 e 1991), três agropecuários e três pesquisas econômicas do IBGE. E agora, pela oitava vez passando por um treinamento promovido pelo Instituto, ele comemora a oportunidade de colaborar: “Sinto que eu estou contribuindo para o meu país, a minha vida sendo ainda dedicada. Mesmo já aos 71 anos, ainda estou de pé na profissão.” Seu José, que durante quase vinte anos foi professor do Ensino Fundamental, sente que, ao participar das pesquisas, está cumprindo um importante papel: “O Censo é uma porta de entrada, porque o IBGE vai levantar os dados e o Brasil vai poder ver como está a situação, estado por estado, e poder trabalhar numa política que abranja todo mundo.”

“Estou psicologicamente e fisicamente muito bem”, diz Antônio Francisco da Silva, de Várzea Alegre, que, no alto de seus 73 anos, é mais um longevo recenseador a atuar na coleta deste ano. E ele tem não apenas experiência de vida, mas também de IBGE: este é o seu quarto Censo, tendo participado de dois Demográficos em 1980 e 1991 e um Agropecuário em 1995. “Este ano a minha filha, quando soube da seleção, pensou: eu vou fazer uma surpresa para papai. Aí fez a minha inscrição e chegou em casa me dizendo”, contou Seu Antônio, que ficou bastante feliz com a aprovação no processo. Sobre os treinamentos, ele disse estar se sentindo uma criança em meio a tanta juventude, e garantiu: “Vou me esforçar ao máximo para ser exemplo para aqueles jovens que estarão comigo sendo recenseadores.”

^{José Vicente, aos 71 anos, já está trabalhando pela oitava vez em pesquisas do IBGE.}

Treinados, aprovados e prontos para a coleta

Reunidas na quadra poliesportiva do Liceu Professor José Maria de Barros Pinho, cinco turmas com quase 140 recenseadores de Maracanaú, município da Região Metropolitana de Fortaleza, receberam do chefe da UE/CE Francisco Lopes e do Coordenador de Área Paulo Alexandre da Silva as congratulações pela aprovação no treinamento para atuar no Censo 2022. “Vocês são resultado de um planejamento que a gente vem fazendo há bastante tempo. Quero lembrá-los da importância desse trabalho que vocês vão fazer, trazendo informações atualizadas e precisas que irão subsidiar nossas políticas públicas, dizendo não apenas quantos somos, mas também como estamos distribuídos no território nacional e como estamos vivendo”, ressaltou o coordenador.

Aproveitando a reunião, também foram passadas as instruções para os próximos passos a serem dados pelos novos recenseadores: as contratações na última semana de julho e o início da coleta a partir do dia 1º de agosto. “Nós que somos do IBGE queremos o melhor serviço possível. Queremos saber a realidade desse país, os números exatos”, ressaltou Francisco Lopes, que também desejou muito sucesso no desempenho da missão.

^{Evento de encerramento dos treinamentos reuniu quase 140 recenseadores aprovados em Maracanaú. Registros do fotógrafo Pierre Veras.}

Também compareceu ao evento o secretário de infraestrutura de Maracanaú, Rafael Pessoa, que deu a todos os presentes uma boa notícia: a inclusão dos recenseadores no cadastro do passe livre, de modo que estes poderão usar o transporte público municipal gratuitamente durante os meses em que estarão realizando a coleta. “Eu quero agradecer antecipadamente os relevantes serviços a serem prestados por vocês. O trabalho a ser desenvolvido vai ser de grande valia para um Maracanaú melhor, pois gerará dados importantes para que a gente possa planejar a nossa cidade”, comemorou o secretário, deixando claro que a iniciativa foi pensada justamente pelo reconhecimento da importância que o Censo tem para o município.