No Ceará, Funai e Sesai reúnem-se com IBGE para planejar o Censo 2022 nas comunidades indígenas

Editoria: Censo 2022 | Da Redação

06/07/2022 16h45 | Atualizado em 06/07/2022 16h45

O planejamento do Censo nas comunidades indígenas cearenses foi pauta de reunião realizada no último dia 21 de junho na sede da Unidade Estadual do IBGE no Ceará (UE/CE), que contou com a presença dos representantes da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) Renata Catarina Costa Maia, Francisco Junior dos Santos e Diego Andrade, e também do Responsável Técnico de Doenças Transmitidas por Vetores e Zoonoses da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), José de Assis.


Coordenadores do Censo reunidos com representantes da Funai e Sesai na sede da UE/CE

Na condução da reunião, estavam os servidores do IBGE responsáveis pela organização do Censo no Estado: o Chefe da UE/CE, Francisco Lopes, a Coordenadora Técnica, Ana Eugênia Ribeiro, o Coordenador Operacional, Josemar Tiné de Oliveira, e o Antropólogo e Analista Censitário de Povos e Comunidades Tradicionais, Fábio Jota. A necessidade de guias para entrar nas aldeias, os protocolos sanitários contra a Covid-19 e o contato com as lideranças indígenas foram alguns dos temas discutidos pelo grupo.

A Coordenadora Técnica do Censo no Ceará, Ana Eugênia Ribeiro, que já atuou em operações censitárias anteriores, destacou que, historicamente, não há grandes dificuldades no trabalho com as comunidades indígenas do Estado. “Há setores onde dá tranquilamente para o recenseador fazer a coleta em um ou dois dias. A demanda por um guia, caso exista, não seria de muitos dias. Em nossas áreas a gente vai, inclusive, identificar quem são os recenseadores que vão visitar cada comunidade, até para melhorar o nosso contato”, assegurou a coordenadora. “Nos casos onde o guia for necessário, este não deve participar da entrevista”, preveniu Josemar Tiné, coordenador operacional do Censo. “Ele vai acompanhar o recenseador, mas a entrevista é pessoal, para evitar o constrangimento e a divulgação de informação. Por lei, temos que seguir esse critério do sigilo das informações”, completou.

“Geralmente quando estamos fazendo algum trabalho na aldeia, é bem comum os próprios indígenas acompanharem o profissional que está lá. Já é uma prática deles”, lembrou José de Assis, representante da SESAI, que citou o próprio trabalho do Ministério da Saúde nas comunidades como exemplo de procedimento que pode ser adotado para caso do Censo. “Existem alguns contextos em que é importante que a FUNAI se faça presente para auxiliar os recenseadores, como em regiões de conflito, de identidades novas, etc”, observou o indigenista Francisco Junior, que se comprometeu a indicar ao IBGE as situações de conflito no Ceará que são de conhecimento da organização. O Chefe da UE/CE agradeceu a iniciativa: “É importante identificarmos situações que possam colocar em risco tanto a comunidade como o recenseador, e que também possam prejudicar o nosso trabalho”.

Uma situação específica abordada na reunião foi a dos refugiados venezuelanos que pertencem à etnia indígena Warao e que estão instalados no Centro de Fortaleza. A indigenista Renata Carina destacou a necessidade de um guia intérprete nesse caso, uma vez que a comunidade se comunica em espanhol. “É super tranquilo a gente conseguir ter um espaço de interlocução com eles. Eu ofereço meu apoio, pela relação de confiança que já tenho construído com eles. É uma realidade tão perversa a que estão vivendo, que é muito importante garantir que eles façam parte do Censo”, reivindicou Renata.

Para que os representantes indigenistas pudessem ter uma ideia de como é o trabalho do IBGE, o Antropólogo Fábio Jota exibiu os mapas das Terras Indígenas que são utilizados pelo Instituto, os quais se baseiam justamente em informações fornecidas por instituições como FUNAI e SESAI.


O antropólogo Fábio Jota mostra aos servidores da Funai e Sesai os mapas das Terras Indígenas cearenses que serão utilizados no trabalho do Censo 2022.

Como resultados do encontro, FUNAI e SESAI se comprometeram a organizar entre si os contatos das lideranças indígenas cearenses, os quais serão posteriormente repassados à organização do Censo. Além disso, uma nova reunião foi agendada para o mês de julho, ocasião em que serão transmitidas orientações aos Coordenadores de Área e Coordenadores de Subárea do Censo a respeito da abordagem junto aos povos indígenas.

Mais notícias deste Estado