Uma vida no IBGE e mais um Censo Demográfico pela frente: a trajetória de Adjalma Jaques

Editoria: Censo 2022 | Da Redação

06/06/2022 10h28 | Atualizado em 06/06/2022 10h38

Com muitas aventuras, incluindo verdadeiros perrengues vividos, Adjalma Jaques completa 36 anos de IBGE, em 2022. Supervisor de Disseminação de Informações (SDI) do Amazonas há 27 anos, Adjalma possui conhecimento para dar e vender sobre o Brasil, sobre o Amazonas e, em especial, sobre o IBGE, instituição que preza imensamente, e pela qual faz questão de seguir motivado a cada dia, especialmente com a proximidade do Censo Demográfico 2022, operação que vai a todos os domicílios do país coletar informações sobre os moradores, e para o qual prevê desafios.


A Supervisão de Disseminação de Informações do IBGE no Amazonas virou o lar de Adjalma,
mas, antes, ele passou por diversos setores e "perrengues", no IBGE.

Sem tempo ruim

Adjalma ingressou no IBGE de forma temporária para o Censo Agropecuário, em 1986, e foi contratado definitivamente logo depois. Durante seus primeiros anos no IBGE, ele trabalhou em diversas pesquisas, incluindo Censos do Instituto, tanto como recenseador, quanto como coordenador.

Logo na sua entrada no IBGE, Adjalma precisou "se virar nos 30", pois ele foi contratado como temporário para o Censo Agropecuário, mas tinha um detalhe: o treinamento já estava na metade! Então, para ele:

"foi uma loucura porque eu não compreendi absolutamente nada, tudo era novidade. Então eu entrei numa sala imensa, com um monte de gente que eu não conhecia, não conhecia os termos e nem tinha nenhuma experiência (risos)”.

Mas essa foi só a primeira das dificuldades. O Censo Agro foi concluído com sucesso, e Adjalma acabou sendo contratado definitivamente, bem no dia em que assinaria a rescisão do Instituto:

"naquela época não tinha concurso, e o delegado me perguntou: - quer trabalhar com a gente? E eu disse que sim".

Sim! Naquela época, existiam as Delegacias do IBGE. Assim, Adjalma tornou-se servidor efetivo do IBGE, e foi trabalhar nos municípios de Lábrea e Canutama.

Histórias para contar

Dessa época, Adjalma recorda dificuldades pelas quais os servidores atuais do IBGE não vivem mais hoje, como ter que preencher e transportar questionários das pesquisas, impressos no papel.

“Uma vez, indo para Lábrea, nós passamos 10 dias dentro de um barco, que vinha puxando uma balsa, com um monte de questionários, e três homens dentro de um camarote de três ou quatro m², se muito! Foi uma experiência terrível! E chegando em Lábrea, aquela ribanceira imensa para levar caixas e mais caixas de papel pesado”.


Adjalma e seus amigos, Argemiro Neto, Maria de Fátima e Gonzaga (da direita para a esquerda),
com mais de 35 e até mais de 40 anos de IBGE.

O Supervisor também relembrou que não havia a organização que existe hoje para as operações, e nem acesso à nenhuma tecnologia:

"até telefone era difícil no interior. Falávamos o mínimo possível com outras agências, e fazer mudanças na instrução sobre as pesquisas, nem pensar! Fazia-se toda a entrevista à mão, e a codificação depois, que era algo muito trabalhoso. A possibilidade de erro era altíssima”.

Até o Censo de 2000, ainda foi assim, com dificuldades na logística e na comunicação:

"o Censo pede muita comunicação, e não tínhamos. Você tinha que dar solução para tudo; só o que não tinha jeito é o que você levava ao pessoal de Manaus”. Mas não havia uma boa equipe para dar suporte; não havia a capacitação que há hoje, nem cultura de equipe de suporte”.

Desafios para o Censo 2022

Foi em 2010 que Adjalma trabalhou, pela primeira vez, exclusivamente na divulgação do Censo, porque, até então, o único trabalho de divulgação feito na operação censitária era a distribuição de cartazes.


Trabalho de divulgação no Censo 2010

Ele conta que em 2007, no Censo Agro, pela primeira vez os recenseadores usaram equipamentos eletrônicos com GPS para o trabalho de coleta de dados, e relata que

“a transição para as tecnologias foi acontecendo, o tempo passa, e a gente quase não percebe”.

Assim, no Censo 2022, com todas as tecnologias e planos de comunicação à nossa disposição, para Adjalma, o principal desafio será

"executar um trabalho de boa qualidade porque não vamos precisar nos preocupar com esses problemas que tínhamos antes, então, nossa missão será visitar todos os domicílios e levantar os dados de todos os moradores, da melhor forma, isso da parte dos recenseadores; e da parte dos coordenadores, atentar se eles estão fazendo tudo de acordo com o planejado. Mas hoje, esse controle do trabalho no Censo acontece numa dinâmica muito melhor porque o sistema digitalizado e o percurso do recenseador registrado por GPS ajudam muito nessa missão".


Adjalma Jaques (à direita), acompanhado dos demais coordenadores do Censo Demográfico 2022, no Amazonas, e da chefe
substituta da Unidade Estadual, Alexsandra Nascimento (de branco).

Para a divulgação do Censo, centralização é a dificuldade

Com larga experiência na Disseminação de Informações, Adjalma avalia que a principal dificuldade do trabalho da Coordenação de Divulgação do Censo será a centralização:

"as ações de divulgação são muito centralizadas, e eu penso que se nós descentralizássemos isso para os estados e municípios, lucraríamos mais, porque a propaganda paga que vai divulgar o Censo em rede nacional é temporal, e não é suficiente para que todos fiquem sabendo que o Censo vai acontecer".

"Então inserção nas rádios, propaganda volante, etc., são coisas que não conseguiremos fazer em todos os municípios e, por isso, nossos esforços para conseguir divulgação junto aos parceiros, de forma gratuita, será fundamental. Precisamos divulgar o trabalho do IBGE todos os dias, e assim seguimos".


Adjalma e Jéssica Santos, analista censitária da Coordenação de Divulgação do Censo 2022.

Com tantas histórias vividas e com o desafio que ainda tem de divulgar o maior Censo Demográfico da história, em 2022, no Amazonas, Adjalma diz que, sem sombra de dúvidas, é grato ao IBGE:

"tudo que tenho de material conquistei graças ao meu trabalho no IBGE. Amigos e colegas de todas as partes do Brasil. Até mesmo minha esposa eu conheci no IBGE. Portanto, valeu a pena todos esses anos de trabalho e dedicação".

Além da gratidão, o supervisor também disse que pôde acompanhar, em todo esse período, o crescimento do Instituto.

"vejo como a instituição cresceu. Cheguei no IBGE ainda no tempo da máquina de datilografia e da calculadora. Presenciei a chegada do primeiro computador na unidade estadual. Vi como era coletar um Censo usando questionário impresso e caneta. Uma consulta aprofundada nos dados implicava em dias de pesquisa e em muitas fotocópias. Os mapas do Censo eram todos feitos a mão em papel em depois reproduzidas cópias".


Equipe de servidores do Censo 2022 do Amazonas.

E disse que como profissional, também cresceu junto com a instituição.

"Acompanhei toda a evolução ocorrida no IBGE nos últimos 35 anos. Isso foi possível porque a área da disseminação possibilita uma visão ampla da casa. Penso que a disseminação foi a parte do IBGE que mais avançou. Não porque é melhor que as outras áreas, mas porque era necessário que isso ocorresse. Pois, do contrário, a instituição seria uma grande desconhecida hoje no mundo das tecnologias que estamos vivendo. Isso só foi possível graças a homens como David Wu Tai e a grande equipe que ele formou".

Agora, com mais um Censo pela frente, Adjalma afirma que a ansiedade para a operação já bate à porta; e deixa uma mensagem de despedida, pois pretende se aposentar em breve:

"Estou ansioso para começar o Censo, apesar de já ter passado por isso tantas vezes. Mas, cada vez há um algo mais para alimentar a ansiedade. Sinto-me como alguém que está concluindo sua missão. Deixando para meus colegas a oportunidade de prosseguir, fazendo ainda melhor do que eu fiz".

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