Quando vem o barco? A saga das viagens para realizar Reuniões do Censo no AM

Editoria: Censo 2022 | Da Redação

24/03/2022 14h24 | Atualizado em 19/04/2022 10h00

A gente sabe o dia que vai, mas nem sempre sabe o dia que vai voltar”, relata um dos Coordenadores de Área do Censo 2022, no Amazonas, André Moura, responsável pelos municípios de Apuí, Boca do Acre, Canutama, Humaitá, Lábrea, Manicoré, Novo Aripuanã, Pauini e Tapauá, que precisou vencer as adversidades das viagens longas e imprevisíveis no Estado para realizar a primeira rodada de Reuniões de Planejamento e Acompanhamento do Censo (REPACs) no Estado.

A frase de André reflete a realidade do que ele e tantas outras pessoas vivem para se deslocar de um município para o outro no Amazonas, onde as viagens de barco entre as cidades não podem ser programadas com antecedência, podem durar até uma semana e, em vários casos, são a única opção de transporte.

Imagens de André Moura/IBGE

Reuniões marcadas de acordo com a agenda dos barcos

De acordo com André, as três REPACs que ele realizou em março, em Lábrea, Canutama e Tapauá, exigiram nível alto de planejamento e articulação com os municípios, para que fossem realizadas. São trechos sem opção aérea ou de estrada, então é bem complicado. A gente tem que fazer todo um planejamento, fazer uma rede de contatos com o pessoal nas cidades para saber quando passa o barco, porque não existe uma regularidade aqui na região do (Rio) Purus, no Amazonas; é sazonal. No dia que enche, o barco vem, então temos que ter rede de comunicação com os municípios”, conta ele.

André preparou, então, a logística para fazer as REPACs acontecerem nesses municípios: “fui de Humaitá, de carro, para Lábrea, dois dias antes do programado para o barco sair de lá; e aí o barco sai de Lábrea e é uma noite de viagem até Canutama, e, de lá, são mais dois dias e meio de viagem até Tapauá, então, eu fiz a reunião em Lábrea, peguei o barco no final do dia, e já segui direto para Tapauá, nem parei em Canutama, porque, como Tapauá é o local mais distante e mais difícil de chegar, já fui para lá”, explica.

Nesse meio tempo, coordenador conta que ligou para o secretário de administração de Tapauáe enviou os convites para a REPACFoi quando surgiu um imprevisto: o barco sairia um dia antes do esperado de Tapauá: “chegamos no sábado lá, e a reunião tinha sido marcada para terça-feira;  que me avisaram que o próximo barco sairia na madrugada de segunda para terça, então eu resolvi ir com o secretário convidar as pessoas a participarem da reunião na segunda à tarde porque eu não poderia perder esse barco de jeito nenhum, senão eu ia ficar preso uma semana no município esperando outro”, relembra André.

Mas a saga de André continuou: de madrugada, o barco passou e eu ‘desci’ (sentido das águas no rio) para Canutama. Chegando lá, foi a mesma correria. Conversei com o prefeito, saímos pela cidade na moto dele, fomos na câmara municipal, e o pessoal até cancelou uma sessão lá só para participar da nossa reunião que, ainda por cima, seria na sexta-feira, logo antes do carnaval, então a mobilização tinha que ser naquele dimesmo”, conta. Após a reunião, havia a promessa de ter uma voadeira (barco pequeno com motor de popa) indo de Canutama para Lábrea, que seria uma viagem mais curta e rápida, só que nada feito, e André precisou ficar seis dias aguardando até um barco vir de Manaus, e que seguisse para Lábrea, para ele voltar para casa. André vive em Humaitá, e de Lábrea, ainda tem 240 km de estrada de terra batida para chegar até o seu município.

“Para essas viagens de Canutama, Lábrea e Tapauá, a gente sabe o dia que vai sair, a gente se programa, conversa com o pessoal dos municípios para saber que dia passa o barco, mas a gente nem sempre sabe o dia que vai voltar; vai depender de quando vão lotar os barcos em Manaus, com as cargas, para eles subirem o rio e voltarem para Lábrea”, explica André.

Com a realização dessas REPACs, André aprendeu que fazer as reuniões do Censo no Amazonas exige logística, comunicação com os municípios e também agilidade para utilizar o tempo disponível da melhor forma possível, para, assim, “conseguirmos fazer as reuniões, e levar o maior número de pessoas interessadas. O pessoal abraça muito o IBGE, quando vê a gente correndo atrás; eles percebem que o Censo é um momento importante para o município, e estão todos com uma expectativa muito grande”finaliza.

Fase final da 1ª rodada

As REPACs estão na fase final, no Amazonas.  foram realizados encontros em mais de 90% dos municípios. As reuniões restantes estão planejadas para fim de março, incluindo a da capital, Manaus, prevista para o dia 30, e as últimas duas, para o início de abril.

O Coordenador das REPACs no Amazonas, Anderson Santos, disse estar contente com a realização das reuniões no Estado dentro do prazo esperado, até por conhecer bem a dificuldade de acesso a diversos municípios. Ele apresentou as REPACs em quatro cidades, e relata o que observou sobre o interesse dos participantes:

Eles se mostraram bastantes interessados em relação aos dados do Censo, em seus respectivos municípios. Eu falei sobre a importância de apoiar o IBGE, no que diz respeito ao conhecimento local do território, principalmente em relação às mudanças ambientais causadas pelo pulso de inundação dos rios, que ocorre na região amazônica, influenciando na acessibilidade de comunidades do interior. No final, os participantes, de modo geral, ficaram à disposição do IBGE para apoiar na cobertura total dos municípios”, destacou.

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