“Um terço dos questionários que a gente aplica por dia são para venezuelanos”.

A afirmação do coordenador censitário das subáreas de Uiramutã e Normandia, Luiz Henrique Riva, que está atuando como recenseador nos testes do Censo 2022 no município de Mucajaí, reflete um dos desafios que a equipe do IBGE está enfrentando em Roraima.

“A gente já esperava encontrar venezuelanos em Mucajaí, mas não de forma tão expressiva. Eles estão espalhados por todos os bairros. Não há um adensamento em determinada região”, contou Riva.

Outra dificuldade, segundo Riva, é em relação ao entendimento por parte dos venezuelanos do próprio questionário, além do idioma.

“Alguns conceitos adotados no Brasil diferem muito da Venezuela, como a questão educacional, a divisão de séries e até a própria ideia de cor ou raça. E, nesses momentos, a língua acaba sendo uma barreira, apesar de a gente arriscar um portunhol”, disse o recenseador.

Os testes para o Censo 2022 em Mucajaí já estão 80% concluídos. Os recenseadores do IBGE estão indo de casa em casa entrevistar os moradores de seis setores do município desde o último dia 4 de novembro.

O início das atividades contou com uma solenidade realizada no Centro de Convenções da Prefeitura Municipal de Mucajaí, que reuniu autoridades locais, a exemplo da prefeita do município, Eronildes Aparecida Gonçalves, e do vereador e presidente da Câmara Municipal, Joelson Costa, além da equipe do IBGE – liderada pelo chefe da Unidade Estadual do instituto em Roraima, Roberto Maykot Kuerten – e de veículos da imprensa.

O evento contou ainda com a presença de Marta Antunes, do grupo de trabalho de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, João José Júnior, da Gerência Técnica do Censo Demográfico (GTD), e Fernando Damasco, da Coordenação de Estruturas Territoriais (Cete), que se deslocaram do Rio de Janeiro a Mucajaí especialmente para acompanhar os testes do Censo no município.

Além da imigração venezuelana, o Censo no estado vai enfrentar desafios ainda maiores em 2022, já que Roraima tem 10 milhões de hectares ocupados por povos indígenas.

“Nosso estado tem 645 comunidades indígenas distribuídas em cerca de 10 etnias. 90% desses locais são acessíveis apenas por aviões de pequeno porte ou helicópteros, enfrentando os riscos inerentes às localidades. Faremos ainda alguns percursos por trilhas, no meio da mata fechada, além de longas viagens de barco”, citou Roberto Kuerten.