Passando por Jalapão, Ilha do Bananal e comunidades tradicionais, IBGE planeja Censo 2020 no Tocantins
29/11/2019 13h57 | Atualizado em 29/11/2019 14h28
O IBGE concluiu a primeira rodada Reuniões de Planejamento e Acompanhamento do Censo Demográfico 2020 (REPACs) nos 139 municípios do estado. Servidores da Unidade Estadual (UE/TO) estiveram regiões como o Jalapão, Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo, e comunidades tradicionais para traçar estratégias para a visita dos recenseadores no próximo ano.
Na avaliação do coordenador operacional do Censo 2020 no estado, Roniglese Pereira, a primeira rodada de REPACs foi muito positiva. “De uma maneira geral as instituições nos receberam muito bem porque entendem a importância do Censo e sabem o quanto o IBGE precisa de parceiros para que esse trabalho seja bem executado em 2020”, disse ele.
Para o coordenador das REPACs, Paulo Ricardo Amaral, o aspecto mais importante das reuniões é a comunicação das atividades censitárias e a conscientização, tanto das administrações públicas municipais quanto da sociedade civil. “É o primeiro contato do IBGE com a sociedade para a realização do Censo, que visa retratar a população da forma mais fidedigna possível”.
O Tocantins possui a nona maior área territorial do país e uma grande diversidade étnico-cultural, com peculiaridades regionais que vão exigir um trabalho especial dos pesquisadores. O coordenador operacional do Censo destacou que ao mesmo tempo que o estado possui cidades médias, bem localizadas, com população de mais de 100 mil habitantes, há também algumas áreas de difícil acesso.
“Aqui no nosso território está a maior ilha fluvial do mundo: a Ilha do Bananal. Nós temos várias populações indígenas com suas particularidades que demandam um trabalho diferenciado para a visita nos seus territórios. Temos ainda o Jalapão, região que hoje é conhecida a nível internacional e é caracterizada pelas longas distâncias”, lembrou Roniglese Pereira.
O IBGE trabalha agora para oficializar parcerias, como a cessão de espaços físicos e doação de mobiliário para a instalação dos cem postos de coletas, em 93 municípios tocantinenses. “Nas reuniões, várias instituições concordaram em firmar um termo de colaboração com o IBGE. Nós estamos na etapa de formalização desses acordos. Nos municípios em que o IBGE não conseguir a cessão de espaço físico, será feita a locação de imóvel”, informou o coordenador operacional.
Na fase de planejamento, o IBGE também organiza os processos seletivos de pessoal. “Um está em andamento e outro será realizado no início do ano que vem para contratação de supervisores e recenseadores. Em junho do próximo ano, já queremos estar com tudo pronto e pessoal capacitado para em agosto irmos a campo”, explicou Pereira.
No Tocantins, os recenseadores vão percorrer uma área territorial de 277.720.404 quilômetros quadrados, coletando dados de mais de 500 mil domicílios, com uma população superior a 1,5 milhão. Para realizar esse trabalho, serão contratados, temporariamente, mais de 1.800 pessoas, que serão divididas em equipes de supervisão e de campo.
Roniglese Pereira disse ainda que o recenseamento 2020 vem com uma inovação para atender uma demanda antiga da sociedade que é a inclusão do levantamento de informações diferenciadas das populações tradicionais, em especial, as comunidades quilombolas e indígenas. “O Censo vai retratar as particularidades dessas comunidades”, afirmou o coordenador operacional.
Comunidades tradicionais e FPM
O recenseamento a ser feito pelo IBGE gera especial interesse de municípios tocantinenses devido ao impacto em suas dotações orçamentárias. Conforme estimativas populacionais divulgadas anualmente, cidades como Miranorte e Pedro Afonso podem mudar de faixa no Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e, com isso, receberem mais recursos da União.
Uma das últimas cidades visitadas pela equipe no estado foi Tocantínia. O município é conhecido por possuir população predominantemente indígena. Para o prefeito Manoel Silvino, o Censo 2020 vai registrar uma evolução significativa no número de habitantes. “Talvez não o suficiente para mudar a faixa do FPM, mas pelo crescimento do número de natalidade dentro da comunidade indígena, os assentamentos que foram criados, com certeza nós vamos ter uma evolução significativa”, declarou.
O chefe do Executivo destacou que as atividades censitárias fornecem para o município não só o quantitativo da população, mas também dados importantes dos domicílios e, por isso, gostaria que o trabalho fosse realizado em um intervalo de tempo menor. “Nós queríamos que o Censo fosse feito de cinco em cinco anos, que não demorasse esse tempo todo, mas agora chegou o momento e estamos ansiosos para termos esses resultados no ano que vem”, ponderou ele.
Silvino ressaltou ainda a importância de se planejar o recenseamento junto com a sociedade. “Estamos percebendo que o IBGE está avançando e se preocupando em manter a comunidade informada. Eu tive a oportunidade de trabalhar no Censo Demográfico de 1980. Quando a comunidade está participando e acompanhando, a possibilidade de se aproximar do número real é maior, porque além dos cuidados que o IBGE tem a própria comunidade também vai ter e vai colaborar pra que sejam coletadas as informações precisas”.
O presidente da Câmara Municipal de Tocantínia, Ivan Sugawre Xerente, afirmou que é muito importante discutir e planejar o Censo 2020 “para que o indígena esteja bem empenhado a participar desse trabalho e todo o avanço ou dificuldade sejam comunicados ao IBGE”. O vereador se colocou à disposição para colaborar com o instituto. Segundo ele, as lideranças indígenas também vão dar apoio.