Censo Experimental visita ocupações na capital fluminense e aplica questionários

| Da Redação

18/11/2019 14h47 | Atualizado em 26/11/2019 16h01

A Unidade Estadual do IBGE no Rio de Janeiro (UE/RJ) percorreu a capital do estado, entre meados de outubro e o início de novembro, para cumprir um dos principais objetivos do Censo Experimental em território fluminense: testar a aplicação do questionário em domicílios improvisados, isto é, em imóveis que foram ocupados de forma irregular e transformados em moradias. O Censo Experimental é um ensaio para o Censo Demográfico 2020.

A primeira parada foi em Realengo, na Zona Oeste do Rio. “O imóvel, um motel, tinha sinais de abandono, um aspecto completamente insalubre. O local, chamado de ‘esqueleto da espinha’, era desolador. Cada quarto era um domicílio e quase todos estavam ocupados. Pensamos que dificilmente conseguiríamos ir muito longe com o trabalho. Sabíamos que por lá viviam usuários de entorpecentes e que talvez existisse resistência ou impossibilidade de diálogo. Mesmo assim conversamos com moradores logo na entrada. Após as explicações, na medida do possível, foi permitido entrevistar o restante das pessoas. Boa parte dos adultos está desempregada ou trabalha fazendo biscates. Ninguém com a carteira assinada. Chamou a atenção a quantidade de crianças, de bebês de colo”, contou Jeferson Santos, agente de pesquisa e mapeamento do Censo.

Em seguida, a equipe do IBGE também visitou um galpão abandonado na Gamboa e um antigo ginásio próximo da Cidade do Samba, na Zona Portuária da cidade. “No galpão, soubemos por intermédio da liderança local que se tratava de uma cracolândia. Não havia quartos como no motel em Realengo. Só tábuas e madeirames abrigavam as pessoas. Já na frente do ginásio notamos uma diferença: a faixa que indicava uma ocupação sob a tutela da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj). Estava mais organizado, como se fosse mesmo uma pequena favela. Diversas famílias moravam em um estado menos precário. O nível socioeconômico era melhor: muitos assalariados celetistas, profissionais liberais e comerciantes ambulantes. Os domicílios eram bem humanizados, alguns até com sinais de futuras benfeitorias”, detalhou Jeferson.

Responsável por entrar nas ocupações e fazer contato com os moradores, Jeferson destacou quão importante é o reconhecimento do local antes da coleta dos dados. “Se o recenseador não for resistente, não vai conseguir nem olhar para a fachada. Mas a tarefa foi facilitada por não nos sentirmos hostilizados, apesar de estarmos em áreas de risco. Sempre agimos com cautela. As perguntas eram feitas com bastante tato, como as questões sobre os nomes e a renda dos moradores. Não insistimos nas entrevistas com quem não queria participar. Em momento algum falseamos nossos objetivos, deixando sempre claro que fazíamos um experimento envolvendo o uso da tecnologia no lugar do papel e da caneta, além de observar a reação das pessoas às perguntas formuladas porque, se fosse o caso, teríamos que rever as questões para facilitar o entendimento. Explicamos que a metodologia pretendia evitar a demora na coleta de dados, diminuindo assim o desconforto para os moradores e os recenseadores”, disse Jeferson Santos.

Participaram da aplicação dos questionários do Censo Experimental em domicílios improvisados também Gustavo Junger, técnico da Gerência de Indicadores Sociais da Coordenação de População e Indicadores Sociais da Diretoria de Pesquisas (DPE/Copis), Paulo César Tozato, coordenador de área, entre outros. O Censo Experimental é realizado em oito estados do país e será concluído em dezembro.

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